Bem-vindos a mais uma edição do “O HODLER”, o melhor lugar para você que está querendo ficar por dentro de tudo que acontece no mercado.
Nos dias 10 e 11 de outubro de 2025, o mercado de criptomoedas viveu um dos momentos mais intensos e históricos desde a criação do Bitcoin.
Em apenas um dia, bilhões de dólares em posições alavancadas foram liquidados — ou seja, forçadas a serem encerradas —, derrubando preços, apagando fortunas e “reiniciando” o mercado.
Esse relatório explica de forma simples o que aconteceu, por que aconteceu e quais lições ficam para investidores e curiosos. Gostou? Bora para mais um HOOOODLER!
Entendendo o funcionamento do mercado cripto
Existem duas figuras que convivem no mesmo mercado, mas com mentalidades completamente diferentes.

O investidor busca participar da valorização natural de um ativo.
O especulador busca multiplicar dinheiro rapidamente — e, por isso, aceita riscos maiores.
O mercado spot é o mais simples — é onde você compra e vende criptomoedas de verdade, pagando o preço atual. Se você compra 1 Bitcoin, ele é seu. Se o preço subir, você lucra; se cair, você perde — mas continua com o ativo.
Exemplo:
- Você compra 1 BTC a US$ 100.000.
- O preço sobe para US$ 105.000 → lucro de US$ 5.000.
- O preço cai para US$ 95.000 → perda não realizada de US$ 5.000.
Você só perde se vender abaixo do preço que comprou.
O mercado futuro, por outro lado, é um mercado de apostas sobre o preço, onde você não precisa ter a criptomoeda de verdade. Você apenas aposta se o preço vai subir (long) ou vai cair (short), geralmente usando alavancagem — ou seja, dinheiro emprestado.
Exemplo:
- Você tem US$ 1.000 e faz uma aposta de 10x alavancado.
- Na prática, está movimentando US$ 10.000.
No mercado futuro, o risco é muito maior, e as perdas podem acontecer em segundos. Durante esse evento, a grande maioria dos afetados eram especuladores operando com altas alavancagens em contratos futuros. Esses foram os principais atingidos pela liquidação em massa.
O que é uma liquidação
Você deve estar se perguntando o que é uma liquidação, não é mesmo? Ela é o encerramento automático de uma posição alavancada quando o prejuízo chega a um ponto crítico. A própria corretora fecha a operação para evitar que o investidor fique devendo.
Isso significa que, quando o mercado começa a cair e muitas pessoas estão alavancadas, uma liquidação puxa outra — e ocorre um efeito dominó, conhecido como cascata de liquidações.
- Se o preço subir 10%, você dobra seu dinheiro.
- Mas se o preço cair 10%, você perde tudo e a posição é liquidada automaticamente.
Esse é o ponto central da crise de sexta.
Tudo começou fora do mundo cripto.
No dia 10 de outubro de 2025, o ex-presidente americano Donald Trump anunciou tarifas de 100% sobre exportações tecnológicas da China, além de novas restrições sobre softwares estratégicos. A notícia abalou o mercado global e acendeu o sinal vermelho para todos os ativos de risco — ações, commodities e, claro, criptomoedas.
Naquele momento, o Bitcoin vinha em forte alta e o mercado estava cheio de traders apostando na continuação da subida — muitos com altas alavancagens. Bastou a incerteza política e uma queda inicial nos preços para que o castelo de cartas desabasse.
Linha do tempo resumida
- Antes do evento
Mercado otimista, muitos apostando em alta e usando alavancagem.
Taxas de juros globais estáveis e sentimento positivo atraíam especuladores.
- O anúncio de Trump
As novas tarifas contra a China geraram pânico instantâneo.
O Bitcoin começou a cair, puxando todo o mercado junto.
- Primeira onda de liquidações
As corretoras começaram a encerrar automaticamente posições long alavancadas.Cada liquidação empurrava o preço mais para baixo, ativando novas liquidações.
- Colapso total
Em poucas horas, altcoins despencaram até 90%. As maiores exchanges registraram recordes de volume e travamentos momentâneos.
- Estabilização
Após a “limpeza” das posições, o mercado começou a se recompor lentamente. Investidores institucionais aproveitaram o medo para comprar a preços baixos.
E agora?
O impacto foi tão grande porque o mercado vinha extremamente alavancado e desequilibrado.A maioria das posições estava apostando em alta, e bastou um gatilho negativo para iniciar um efeito dominó.Cada liquidação forçada empurrava os preços ainda mais para baixo, derrubando novas posições e alimentando uma espiral de pânico.
Além disso, em momentos de crise, a liquidez seca — poucos investidores querem comprar enquanto todos vendem. Isso faz com que o preço despenque ainda mais rápido, agravado pela atuação de robôs e ordens automáticas, que executam vendas em segundos, sem emoção.
O resultado foi um colapso relâmpago, onde milhares de traders foram liquidados antes mesmo de conseguir reagir.
Nos dias seguintes, o mercado passou por um grande “reset” de risco.O open interest despencou, sinal de que boa parte das posições especulativas foi eliminada. Com menos alavancagem no sistema, o mercado ficou mais estável. Bitcoin e Ethereum, que haviam caído violentamente, começaram a se recuperar gradualmente.
Instituições e grandes investidores aproveitaram o caos para comprar ativos a preços muito baixos, como costuma acontecer após grandes crises. Enquanto isso, corretoras foram criticadas por permitirem alavancagens extremas — algumas de até 125x — que transformam qualquer oscilação de preço em um desastre.
Comparado a outros momentos históricos, nada chegou perto do que aconteceu em outubro de 2025. Nem o colapso da stablecoin Terra/LUNA em 2022, nem a falência da Three Arrows Capital, que já haviam provocado bilhões em prejuízos, tiveram tamanha concentração de liquidações em tão pouco tempo.
Mesmo grandes eventos de 2025, como a queda de setembro (US$ 1,7 bilhão), pareceram pequenos diante dos US$ 19 bilhões liquidados em apenas 24 horas.
Esse episódio marcou um ponto de virada: expôs os riscos da alavancagem exagerada, separou investidores de apostadores e forçou o mercado a amadurecer.
Lições que o mercado aprendeu
- Quem usa alavancagem precisa entender o risco.
Operar com dinheiro emprestado é o mesmo que brincar com fogo. - Investimento e aposta são coisas diferentes.
Quem investe no spot controla o próprio risco; quem especula no futuro depende da sorte e da velocidade. - O mercado é emocional.
Quando o medo toma conta, ninguém quer comprar — e os preços despencam. - Crises limpam os excessos.
Após a liquidação, o mercado ficou mais saudável e menos alavancado. - Educação financeira é a melhor proteção.
Entender como o sistema funciona é o primeiro passo para não ser engolido por ele.
⚠️ Gostou?
A liquidação de outubro de 2025 foi o maior evento de pânico da história do mercado cripto. Em 24 horas, bilhões foram varridos e centenas de milhares de pessoas perderam dinheiro — a maioria, por não entender a diferença entre investir e especular.
Apesar do caos, o episódio trouxe algo positivo: o mercado ficou mais limpo, mais maduro e menos alavancado.
O Bitcoin, como sempre, sobreviveu.
E deixou mais uma lição gravada:
“O lucro rápido cega; o risco ignorado cobra o preço.”
Fique atento às próximas edições de “O HODLER” para acompanhar as novidades do mercado e se manter informado sobre as tendências e oportunidades no mundo das criptomoedas.
Se quiser me acompanhar, estou no Twitter e Instagram sempre analisando mercado e tendo alguns insights.
Até a próxima edição!