De tanto que a gente pediu, a correção de preços do Bitcoin (BTC) veio. Sem movimentos bruscos, mas em um comportamento saudável e importante para que a criptomoeda mantenha sua tendência de alta saudável. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra, o ativo pouco se movimentou quando o Federal Reserve se mostrou favorável ao corte de juros no ano que vem. Na análise técnica, o curto prazo mostra que o respiro da queda foi muito bem-vindo a partir da realização de lucros, mas períodos um pouco maiores ainda sinalizam cautela.
Já acabou, Powell?
Um fato a gente pode colocar na mesa esta semana: O Federal Reserve, mais uma vez, manteve sua taxa de juros inalterada entre 5,25% e 5,50%. Até aí, zero novidades, afinal isso já vinha acontecendo há algum tempo. Mas para o mercado de risco, muito melhor do que isso foi a coletiva do agora “papai noel” Jerome Powell.
Em coletiva, o presidente do Banco Central dos Estados Unidos chegou com a sacola cheia e animou os investidores. Ele disse que espera um aumento na taxa de desemprego – o que é péssimo para o trabalhador, mas ótimo para controlar a inflação. A perspectiva de crescimento do país até recuou, mas ainda está dentro da expectativa do FED, no que os formuladores de política monetária nomeiam de “pouso suave”.
Nesse meio tempo, a inflação ao consumidor (CPI) até deu uma aceleradinha, mas coisa boba: 0,1%, contra 0,0% esperado pelos analistas. Já os preços ao produtor (PPI) ficaram inalterados em novembro, com a produção industrial subindo 0,2%, pouco abaixo das projeções.
Esses dados menos animadores nem fizeram cócegas ao presentão que Powell estava reservando. A autoridade monetária disse que talvez os Estados Unidos já tenham chegado ao seu pico da taxa de juros, enquanto a “economia surpreendeu” no período. Com isso, o “cassino” dos juros viu os investidores apostando quase todas suas fichas em um corte nos juros no próximo ano.
Para o mercado de criptomoedas, isso aqui foi puro foguete! Embora não tenhamos visto nenhum movimento absurdo de alta de preços – na realidade, vimos um mercado ainda respirando depois dos últimos ganhos –, fato é que o dólar recuou para mínimas de julho. Com isso, o sentimento de otimismo com ações de risco e moedas digitais simplesmente abriu um sorriso de orelha à orelha dos investidores, que levaram muitas bolsas de valores a renovar suas máximas históricas.
Muita calma por aí
História que conta cá, às vezes se conta lá também. Se os Estados Unidos não aumentaram ou recuaram os juros, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu seguir a mesma política e manter a taxa quietinha, quietinha. Em coletiva, a presidente do BCE, Christine Lagarde, não foi tão generosa como Jerome Powell.
A mandatária foi mais branda em seu discurso, alertando para os riscos de que a economia não cresça tanto quanto alguns podem esperar. Ao contrário, a perspectiva é de até um enfraquecimento para os setores de construção e industrial. Entretanto, falar em recessão é algo que não está previsto para o bloco nas conversas atuais. E aí que vem as prévias dos Índices Gerente de Compras, que vai recuando de 47,6 para 47,0. Lembrando sempre que abaixo dos 50 pontos, a economia está em contração – algo que alguns chamam de recessão técnica.
A história já talvez esteja tão conhecida, que os investidores parecem ter simplesmente ignorado tudo isso: “Os juros ficaram na mesma? O PMI caiu? Esquece, compra ações e vamos nessa!” Este basicamente tem sido o clima lá fora, com a Europa também vendo suas bolsas registrarem novas máximas históricas.
Toma essa injeção aqui
A China vem de pouco em pouco mostrando que sua recuperação econômica está nos trilhos, mesmo que nem sempre esteja em uma trajetória tão linear assim. A produção industrial no país avançou de 4,6% para 6,6% em apenas um mês, superando e muito as expectativas. Já as vendas no varejo dispararam 10,1%, na base anual. Apesar do alto número, o índice ainda ficou abaixo dos 12,5% projetados.
Com isso, o governo chinês, enfim, foi mais claro em alguns de seus incentivos às finanças locais. No caso, as autoridades monetárias querem ver um aumento no consumo e um crescimento no setor imobiliário. Para isso, foram injetados mais de US$ 200 bilhões na economia.
Obrigado, correção de preços
É claro que todos nós gostaríamos de ver o Bitcoin avançando seu preço desenfreadamente. Mas para quem já viveu outros ciclos de mercado, sabe que uma correção de preços vez ou outra não só é saudável, mas muito importante. No caso, a criptomoeda está visitando a casa dos US$ 40 mil, interrompendo o que seria a nona semana de alta consecutiva.
Embolsando os lucros
Para quem acha que a alta do Bitcoin acabou e que entraremos em bear market, pode até ser verdade. Mas há sinais muito grandes de que o movimento de baixa foi apenas uma natural e esperada – vide os últimos Satoshi Calls – realização de lucros. Sim, muitos compraram a criptomoeda “baratinha” no mercado e venderam para embolsar os ganhos. Simples assim!
Não à toa, quando olhamos para os dados das exchanges, o volume de negociações se intensificou muito nas plataformas. Tanto que atingiu uma máxima de seis meses, mostrando que boa parte do mercado estava doidinho para realizar lucros nos US$ 44 mil. E antes que alguém se assuste, a maior pressão de vendas veio de investidores de curto prazo.
Olha só quem voltou!
Fazia um certo tempo que não falávamos dos ETFs de Bitcoin à vista nos Estados Unidos, não é mesmo? Até porque, depois que a Comissão de Valores Mobiliários norte-americana (SEC) decidiu adiar a análise das solicitações, nada restou além de esperar. Porém, o elemento “especulativo” voltou.
Garry Gensler, presidente da SEC, apareceu. Desta vez, em entrevista à CNBC. O papo da vez é que a Comissão está de olho em como o judiciário está lidando com os pedidos. Como há um constante parecer favorável da Justiça, principalmente recentemente com a GrayScale, Gensler disse que o órgão deverá rever os documentos para uma possível aprovação ou rejeição de um ETF. Isso não diz muita coisa, mas é um sinalzinho de otimismo, né?
Uma boa correção de preços
A tão esperada correção de preço do Bitcoin, enfim, chegou. E a análise gráfica de curto prazo (1 dia) mostra sinais muito interessantes para o desempenho futuro da criptomoeda de referência.
Fonte: GoCharting, em 18/12/2023, às 8h31min.
Na perspectiva diária, o topo do canal de alta deixou de se comportar como suporte, após vários testes. Consequentemente, a mediana da banda de Bollinger também foi vencida. Entretanto, ela pode ser capaz de puxar o preço do ativo de volta para cima, caso exista força compradora o suficiente.
A linha azul pontilhada já projetava este teste no topo do canal, assim como na mediana da banda de Bollinger e na linha preta horizontal, que corresponde à última grande resistência. Se vamos descer mais, ainda é uma incógnita. Até lá, o curto prazo mostra que há uma breve tendência de baixa, condizente com a necessidade de correção da criptomoeda e um equilíbrio do Índice de Força Relativa (RSI), que volta aos 52 pontos, e do MACD, que cruza suas linhas para baixo.
Ainda é preciso esperar
Quando puxamos para a perspectiva semanal, o gráfico mostra que o Bitcoin ainda está muito sobrecomprado. Por isso, vemos que a criptomoeda passou a ser abaixo do recente canal de alta e da resistência que marca o decote mais alto do último ombro-cabeça-ombro (OCO)
Fonte: GoCharting, em 18/12/2023, às 8h31min.
Apesar da queda de preços, o MACD segue com suas linhas cruzadas para cima, com um início de aproximação, enquanto o RSI mira os 72 pontos, ainda considerado um mercado bem sobrecomprado.
Conclusão
A perda de força no curto prazo do Bitcoin mostra que os investidores mais especulativos realizaram lucros quando o ativo atingiu os US$ 44 mil. Essa correção era muito esperada, pois como bem sabemos, nenhum mercado saudável sobe em linha reta. Essa construção em “escadinhas” é o melhor caminho para o desempenho de qualquer criptomoeda ou ação, pois evita oscilações muito bruscas e inesperadas.
Mesmo assim, é importante ficar com os pés no chão e se sua perspectiva não é de HODL, vale acompanhar como este gráfico semanal vai se comportar a partir de agora. Foram oito semanas consecutivas de ganhos e, em algum momento, isso teria que “parar”. Este não é o fim da tendência de alta do Bitcoin, mas espere por algum respiro ou lateralidade. Vai ser melhor para todo mundo se esse movimento de mercado acontecer.