Hoje vou falar da relação de três coisas que praticamente todo ser humano gosta muito: pizzas, bitcoins (menos os bancos) e fiat money (aqui com certeza os bancos). E como esses três ingredientes mostraram a pizza mais cara da história. Essa data ficou conhecido como o Bitcoin Pizza Day.
Essa relação começa em 2010, quando um membro do maior fórum sobre bitcoins do mundo (bitcointalk, para quem não é da comunidade) abriu um tópico requisitando algumas pizzas, na verdade duas, pois quem não gosta de comer no café da manhã os pedaços da pizza da noite passada?
Laszlo, nome do autor do pedido, disse que pagaria 10 mil bitcoins para quem pudesse entregar. Calma aí, 10 mil bitcoins por duas pizzas? Não precisa abrir sua calculadora, é isso mesmo, são aproximadamente R$300 milhões por duas pizzas. Absurdo? Não, isso tem um nome: anacronismo econômico.
O que é anacronismo? Se buscar na Wikipédia lá está descrito como “um erro cronológico, expressado na falta de alinhamento, consonância ou correspondência com uma época”, ou seja, quando eventos de “uma determinada época são erroneamente retratados noutra época”
Há 8 anos o bitcoin custava muito pouco, quão pouco? O suficiente para ninguém querer comprar a pizza do Lazlo por 4 dias, penso nisso toda vez que o delivery demora.
No dia seguinte à reclamação, Lazslo, por fim, consegue sua pizza por 10 mil bitcoins. Um rapaz de 18 anos com o nickname Jercos fez a intermediação da compra e ficou marcado na história como o primeiro vendedor de um bem físico por Bitcoin.
Se cada pizza custou mais ou menos 25 dólares e foi pago 10 mil bitcoins, isso coloca o preço de cada moeda em aproximadamente U$ 0,0025/btc. Esse era o preço do bitcoin naquela época, se transportarmos o preço de hoje em um anacronismo econômico. Se pensarmos em quanto Laszlo deixou de ganhar com a valorização destes 10 mil bitcoins, essa pizza aí embaixo não vai parecer tão saborosa.
Com é possível algo valorizar tanto em tão pouco tempo? Pois bem, meu caro leitor, você está prestes a descobrir a real “pizza” mais cara da história.
Esta valorização absurda está apoiada em três pilares: o primeiro é a natureza escassa do Bitcoin, já que serão apenas 21 milhões. O segundo são os bancos centrais, com todo o poder da emissão de moeda nas mãos de poucos políticos. Por fim e não menos importante o custo das pizzas ou produtos no mercado.
Muito confuso? Vou esclarecer.
No sistema econômico atual, o governo tem o poder de inflacionar a moeda, diminuindo o seu poder de compra através do aumento da oferta de moeda, desvalorizando o dinheiro na economia. Para entender profundamente este tema, recomendo o livro do meu autor favorito em questões monetárias: “The Denationalization of Money”, de Friedrich Hayek.
Essa medida governamental faz o valor do bitcoin, como uma moeda com limite de emissão, ser preferido pelas pessoas que querem manter o valor do seu dinheiro a longo prazo.
Agora entra a parte mais gostosa dos nossos ingredientes, o preço das pizzas. O custo dos produtos tende também a cair ao longo tempo, pois melhorias tecnológicas incrementais são feitas. Lembra quanto custava um celular em 1990? Nem eu, mas falam que era uma fortuna. Apesar do custo de produzir alguns produtos continuar diminuindo, muitas vezes a quantidade de moedas pagas por eles só aumentam.
No final das contas, todos esses ingredientes mostram a figura da pizza mais cara da história da humanidade. O grande problema do sistema financeiro atual é o poder quase ilimitado dos bancos centrais, o motor das crises econômicas, que transformou o dinheiro em uma abstração, sentimento exposto por Satoshi Nakamoto no bloco gênesis do Bitcoin.
É por tudo isso que o dia 22/05 foi um marco. Ele é muito mais do que o dia da compra de uma pizza, mas o começo do fim da pizza mais cara na história humana.