Criptomoedas são prejudiciais ao meio ambiente?

set 12, 2022 | Outras categorias

Essa não é uma pergunta fácil de ser respondida, apesar de muita gente passar a impressão de que seja. São muitas variáveis que precisam ser consideradas e um ecossistema muito rico em diversidade, onde a generalização normalmente causa o erro.

Vamos tentar responder a pergunta: “Criptomoedas são prejudiciais ao meio ambiente”, neste artigo, mas dificilmente conseguiremos abordar todas as nuances que existem sobre o tema, então não pare de pesquisar por conta própria e não tome nossa resposta como um ponto final!

Como as criptomoedas afetam o meio ambiente?

Apesar de muito diferentes entre si, todas as criptomoedas têm um ponto em comum: elas precisam de uma rede, que precisa de computadores ligados e conectados entre si.

Computadores, por sua vez, consomem energia, emitem CO2 na atmosfera e são desgastados, inevitavelmente gerando lixo eletrônico em algum momento.

Não importa de qual criptomoeda estamos falando, todas elas são assim. E a grande verdade é que estas características não são uma exclusividade só das criptomoedas. Toda rede, ou sistema que utilize equipamentos elétricos também caem nesse mesmo problema.

Na verdade, não apenas sistemas elétricos, mas basicamente toda atividade humana acaba consumindo algum tipo de energia – elétrica ou não, como, por exemplo, combustão. E a maioria delas emite resíduos (CO2 ou outros) na atmosfera e também geram algum tipo de lixo, com o descarte dos materiais e equipamentos utilizados.

O ser humano, por si só, é um agressor natural ao meio ambiente, consumindo recursos escassos, que geram resíduos. Algumas atividades acabam fazendo isso em um maior ou menor grau e algumas são “mais ou menos justificadas”.

Normalmente os grandes críticos das criptomoedas não enxergam o valor da atividade para “justificar” os gastos, mas perceba que isso é um ponto bem subjetivo e que vai acabar variando de pessoa para pessoa. Por isso dissemos que esse é um tema complicado.

Temos certeza que, assim como nós, você enxerga valor nas criptomoedas e em todos os problemas que elas estão tentando resolver – se não fosse o caso, você provavelmente nem estaria lendo esse texto, certo?

Vamos deixar de lado as questões subjetivas e voltar para os fatos. As criptomoedas podem impactar o meio ambiente? Sim, podem. Como qualquer atividade humana.

O especialista Isac Honorato nos contou sua opinião sobre o assunto, ao responder a pergunta: “Criptomoedas são prejudiciais ao meio ambiente?”

“Sim e não.

Sim porque toda indústria está sendo construída e isso acaba trazendo um pouco o problema ambiental em diversos níveis.

Não se a gente comparar com outros setores e aí não vejo grandes problemas. Em comparação ao sistema bancário atual, o bitcoin consome menos de 10% de energia.

A grande questão que eu vejo é como as criptomoedas vão se desenvolver em cima dessa pauta. Ainda é um mercado muito novo. Mas vejo algumas soluções.

Um exemplo é como desperdiçamos muita energia, uma pesquisa da Abesco (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia) revelou que só entre 2013 e 2016 o Brasil desperdiçou 143.647 GWh (gigawatt/hora) de energia. Isso significa que jogamos no lixo R$ 61,71 bilhões.

O quanto isso poderia parar de ser desperdício e virar ativo? Isso estou falando somente do Brasil e sem contar energia verde. Deu pra entender para onde vamos?”

Quais criptomoedas prejudicam mais o meio ambiente?

Da mesma forma como cada atividade humana prejudica mais ou menos o meio ambiente que outras, cada rede de criptomoedas têm suas próprias regras, incentivos e graus de impacto.

Como o impacto ao meio ambiente está diretamente ligado ao consumo de recursos escassos (energia) e emissão de resíduos (CO2 e lixo eletrônico), independentemente de ser ou não justificável (subjetivo), as criptomoedas que mais prejudicam o meio ambiente são aquelas que mais consomem energia, mais emitem CO2 e mais desgastam equipamentos elétricos.

Apesar de todas precisarem de computadores interconectados e funcionando, algumas delas utilizam um método de consenso chamado proof-of-work, que aumenta a segurança da rede (e a recompensa para os validadores) quanto mais trabalho computacional for gerado. Mais trabalho computacional significa mais energia consumida e mais resíduos emitidos.

Estas redes, como o Bitcoin (BTC) e o Ethereum (ETH) pré-merge, criam incentivos para um maior impacto ambiental, já que os mineradores competem entre si, disputando quem consegue gerar mais trabalho (hashrate), para lucrar mais e dificultar mais que atores maliciosos prejudiquem a rede.

A rede do Bitcoin, por exemplo, gera cerca de 79,37 Mt de CO2 e 33,99 kt de lixo eletrônico anualmente. Comparado com o que gera Omã e Holanda, respectivamente.

Em questão de consumo de energia elétrica, são 142,30 TWh consumidos anualmente. Comparável com a Ucrânia.

“Impacto ambiental total do Bitcoin ao ano” Fonte: Digiconomist

A rede do Ethereum não fica muito atrás, com 87,62 TWh de energia consumida (Finlândia) anualmente e 48,87 Mt CO2 (Bulgaria), no mesmo período. O lixo eletrônico de ETH é menos relevante, já que a rede pode ser minerada com GPUs, que possuem uma durabilidade muito superior às ASICs do BTC.

“Impacto ambiental total do Ethereum ao ano” Fonte: Digiconomist

Como resolver o impacto ambiental das criptomoedas?

Analistas estimam que, com a tão esperada atualização para o Ethereum 2.0, que transformará a rede em proof-of-stake, como já ocorre com a maioria das outras criptomoedas, o consumo de energia elétrica deve cair em 99,95%. E um efeito parecido deve ocorrer com a emissão de carbono.

Existem muitas outras redes de criptomoedas que conseguiram criar um sistema mais eficiente, com menor consumo de energia, menor emissão de poluentes e menor geração de lixo eletrônico, alcançando resultados muito parecidos.

Com foco em eficiência energética podemos citar redes como Cardano (ADA), Avalanche (AVAX), Algorand (ALGO) e Hathor (HTR), por exemplo, que oferecem soluções semelhantes ao Ethereum e com maior eficiência que a rede proof-of-work. Após o The Merge saberemos se o ETH 2.0 conseguirá manter ou superar essa eficiência, mas as expectativas são positivas.

Em comparação com o Bitcoin, por exemplo, temos redes como Nano (XNO) e Ripple (XRP) – com maior eficiência energética, que utilizam modelos de consenso próprios e sistemas mais “leves”. Com outros incentivos.

Criptomoedas focadas em realmente resolver os problemas ambientais

Mas não só existem estes projetos que possuem maior eficiência, com menor impacto ambiental, como existem aquelas criptomoedas que possuem o objetivo de criar soluções práticas e reais para ajudar o meio-ambiente.

Esse é o caso do Crédito de Carbono da Moss (MCO2) e da Ambify.

Ambify, por exemplo, é um aplicativo de smartphone que coloca nas nossas mãos o que antes só era possível para grandes empresas: Compensar as nossas emissões de CO2 com créditos certificados.

Ela cria incentivos financeiros para que as pessoas diminuam sua emissão de CO2 – agindo no sentido contrário de redes proof-of-work que criam incentivos financeiros para que as pessoas aumentem sua emissão de CO2.

Além disso, o ecossistema da Ambify também está ligado com ONGs e causas que colaboram diretamente com o meio ambiente e com questões ambientais. Essa é a beleza de um livre mercado tão rico e variado como o das criptomoedas, onde é possível encontrar soluções específicas para alguns problemas específicos, desde que se trabalhe com os incentivos corretos.

Você já pode fazer parte do ecossistema Ambify e também comprar MCO2 através da Foxbit!

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