Demorou alguns anos para que eu percebesse que eu fui muito ajudado por muitas pessoas em minha vida de forma gratuita. E esse é um link inevitável em minha história sobre o que eu sou e o que faço.
Meu nome é Pedro Manuel Torres, engenheiro de software na Foxbit, e contar um pouco sobre mim é voltar para as minhas origens e as origens da minha família.
Meus pais nasceram no Nordeste, e ambos vieram para São Paulo para o famigerado “ganhar a vida”. Meu pai, Samuel, veio do interior do Pernambuco; minha mãe, Solange, do norte do Piauí. Ambos foram aos poucos conquistando suas vidas, trouxeram outros irmãos com o tempo e constituíram família aqui.
Minha mãe trabalhava no Banco Bradesco e meu pai como consultor contábil autônomo, profissão que ele exerce até hoje. Eles se conheceram no início dos anos 90, em Osasco, onde ambas as famílias moravam.
Eles se separaram durante a gravidez e, quando eu nasci, em 1995, eles ainda viviam na mesma casa, mas não estavam mais juntos. Aos meus dois anos, meus pais se separaram oficialmente. Minha mãe, que sempre quis ajudar as pessoas, adotou uma menina chamada Dalva, que era da nossa família, mas em situação mais carente. Em 2003, ela casou com meu padrasto, Nézio, quem eu considero meu segundo pai.
Com o que minha mãe recebia, ela ajudava a família e sustentava a casa sozinha. Não havia condições de pagar por escola, mas o Bradesco tem um projeto filantrópico chamado Fundação Bradesco, que proporciona educação de forma gratuita. Ela, como funcionária, teve o direito de matricular minha irmã Dalva e eu na escola.
Durante a minha infância e adolescência, nove crianças e jovens passaram pela nossa casa. Minha mãe ajudou aos outros de forma gratuita e bastante apaixonada. Ela acolhia pessoas em condições financeiras não muito boas, fossem elas da nossa família ou não, e arrumava estudo, alimentação, auxiliava na educação, e depois elas voltavam para os seus pais ou moravam sozinhas em uma situação melhor. Ela sempre fez isso ao longo de quase toda vida, e o faz até hoje.
Por isso, pra mim é quase “normal” devolver isso para qualquer pessoa que eu conheço. Procuro ajudar as pessoas de fato sem esperar nada em troca. Ao longo da minha história estudantil e profissional isso aconteceu também.
Formação e solidariedade
À Fundação Bradesco eu devo toda a minha educação até o Ensino Médio. Eles também me deram a oportunidade de descobrir minhas paixões na Física, Matemática e Filosofia, tanto na sala de aula quanto nos grupos extraclasse que participei, como o Grupo de Estudos de Física:
Comecei a trabalhar no Banco Bradesco a partir dos 17 anos, como menor aprendiz, no setor de canais de atendimento. Lá eu conheci a Percília e a Angela, que foram grandes mentoras no período que trabalhamos juntos. A Angela me deu um livro de presente – o “Pequeno Príncipe” – com uma dedicatória da que reflete muito do que penso.
A frase citada por ela veio de um vídeo que me inspirou e que me traz referências até hoje do que busco ser na vida.“Stay hungry, stay foolish”, disse Steve Jobs, citando a edição final do “Whole Earth Catalog”, o incentivo de continuar buscando algo novo e aprendendo sempre.
Esse discurso foi divisor de águas em 2012, quando eu estava indeciso sobre qual carreira escolher, pois gostava de muitas coisas. Uma delas era resolver problemas matemáticos e lógicos, e percebi que poderia conciliar isso com uma carreira em tecnologia.
Fiz o técnico em informática da própria Fundação Bradesco no mesmo período em que ganhei uma bolsa integral no Mackenzie, para bacharelado em sistema da informação. Optei por não fazer o curso, por não ter certeza se era a carreira que queria seguir.
Através de uma bolsa integral concedida por uma organização chamada Instituto IT Mídia, consegui uma bolsa para o curso de Infraestrutura de Redes na Faculdade Impacta. No curso, percebi que não era do que eu gostava dentro da tecnologia da informação. Me lembro de ter ficado triste porque eles fizeram muito e investiram em mim, mas as pessoas do instituto me deram todo o apoio para continuar a busca pelo que eu realmente queria.
Graças a um professor do técnico em informática, o Juliano (que hoje trabalha comigo na Foxbit), eu descobri que minha paixão era desenvolvimento de software. Consegui novamente outra bolsa de estudos integral pelo Instituto IT Mídia, graças ao meu desempenho, na FIAP, faculdade com foco em tecnologia aqui em São Paulo.
Durante o período da graduação, recebi uma indicação para uma vaga em desenvolvimento numa consultoria chamada InfoSERVER por indicação do Juliano. Passei no processo, pedi demissão do Bradesco e aprendi muito nessa nova área. Financeiramente falando, pude ajudar melhor em casa.
Eu nunca paguei pela minha educação – e se precisasse pagar, não poderia. Fui ajudado por empresas privadas que me deram muitas oportunidades, por pessoas que queriam fazer o bem com o muito que tinham, em semelhança com o que minha mãe fazia, mas com muito pouco. De certa forma, isso foi retribuído.
Fiquei quase três anos na InfoSERVER, mas não estava mais gostando do que eu realizava. Refleti e percebi que gostaria de espelhar o que minha mãe fazia – ajudar aos outros, cuidar de pessoas – como profissão também. Comecei a estudar e me interessar por psicologia, e, com tempo e dinheiro limitado, busquei um cursinho para passar em uma faculdade pública.
Ao me deparar com o preço do cursinho, meu plano foi por água abaixo: também estava fora do meu escopo. No entanto, novamente uma oportunidade surgiu: estudei por um mês, relendo os livros do ensino médio, vendo vídeos no Youtube, fiz a prova, e consegui 70% de bolsa no Etapa. Por questões familiares, nem o valor reduzido eu poderia pagar, mas pedi a ajuda do meu pai, que custeou o curso.
Infelizmente, no ano em que prestei Fuvest, o vestibular da USP, houve um aumento súbito na procura pelo curso de Psicologia, que só ficou atrás de Medicina! Não consegui passar, e acabei deixando esse plano para o futuro.
Escolhas, mudanças e certezas
Já em 2016, resolvi focar completamente na minha carreira em desenvolvimento de software. Percebi que minha insatisfação vinha do contexto em que e estava e procurei as melhores consultorias da tecnologia que dominava e encontrei a Avanade. Mandei meu currículo, não passei de primeira, mas me chamaram depois para uma nova vaga.
Fiquei quase um ano lá, mas novamente a tecnologia não estava me trazendo satisfação. Percebi que, como consultor de projetos, não havia muito propósito no que eu fazia. Eu não sentia que eu estava cumprindo com uma missão com a qual eu me identificava. O problema não era minha área, ou o meu trabalho, era o papel que eu representava numa cadeia de valor. Eu queria mudar isso, e a área de produtos era o caminho.
Me inscrevi e passei na terceira tentativa na Gama Academy. A experiência foi incrível, e a Foxbit era uma das patrocinadoras do programa. Ouvia falarem muito bem da empresa, e achei muito interessante como se posicionavam com a comunidade, sua presença ativa e tratamento com os clientes, além de ser um negócio interessante. Lá eu conheci o Flávio Almeida, sócio da Foxbit, que chamou o meu grupo do curso para um café com os patrocinadores.
Esse contato se converteu em uma entrevista na Foxbit, e posso dizer que foi a melhor que eu já fiz. Além de ter um incrível respeito pelo ser humano, o Flávio quis entender meu momento de carreira, o que eu conhecia, o que poderia oferecer para o time e do que ele precisaria de mim. O time de desenvolvimento também me entrevistou, para não só medir meus conhecimentos, mas também minha capacidade de resolução de problemas. Para minha surpresa, o Flávio falou no mesmo dia que eu estava aprovado. Eu fiquei tipo “uau!”.
Eu não tinha pensado em quanto eu queria ganhar, porque eu já tinha me conectado com a empresa e estava muito animado de trabalhar aqui, com o propósito e um time no qual eu poderia confiar. Não me importava com o salário. Só que tudo foi melhor do que eu esperava, e eu pude, de fato, começa a resolver alguns problemas da minha família.
Comecei na Foxbit em 30 de outubro de 2017 e tem sido melhor do que eu achei que seria. Muito dessa impressão se deve ao fato de o corpo de diretores e as pessoas que começaram a Foxbit serem muito respeitosas. Pessoas em quem eu confio. Além de toda missão da empresa, as pessoas que estão aqui carregam esse profundo respeito pelo ser humano. A energia daqui é muito positiva! E isso é algo que eu não havia encontrado até hoje.
Mesmo cansado, exaurido nas fases em que tivemos problemas, eu não perdi a conexão, a fé, a vontade de querer estar aqui e me conectar com as pessoas que fazem parte do dia a dia.
A grande surpresa é que meu propósito de vida se alinhou com meu propósito pessoal. Minha felicidade atingiu um ponto que é imbatível com todas as experiências que eu tive. Fez com que as minhas engrenagens voltassem a se movimentar e atingiu até mesmo minha vida pessoal.
A minha trajetória foi desenhada com pessoas de bom coração e que quiseram ajudar os outros, que doaram seu tempo de forma gratuita, ou com valor simbólico. E devo isso a cada professor, a cada mentor que eu tive, que me ajudaram pessoalmente e profissionalmente. Por isso eu gosto da Foxbit, porque as pessoas aqui têm histórias com as quais eu me identifico ou me espelho. Correram atrás, tiveram problemas que acharam irreversíveis, barreiras consideradas impenetráveis – e superaram, e superam todos os dias.
Se um dia se eu for professor ou mentor de alguém, quero transmitir isso para essas pessoas. Porque é isso que me conecta às pessoas: ajudar, ser ajudado, e poder retribuir.