Relatório do mercado de criptomoedas: março de 2018

abr 2, 2018 | Investimento

O desempenho do mercado de criptomoedas no mês de março foi bastante negativo. Apesar do preço da maioria dos ativos ter despencado durante o período, uma análise mais abrangente, considerando os últimos 12 meses, aponta para uma performance significativamente positiva.
Peguemos o bitcoin (BTC) como exemplo. No último dia de março de 2018, uma unidade do principal ativo financeiro digital existente no mercado valia R$ 23.710. O valor representa uma alta de 568% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
É verdade, contudo, que ao compararmos o preço do BTC no final de março de 2018 ante o mês de fevereiro do mesmo ano, verificamos uma retração de 34,16%.
A performance durante o primeiro trimestre deste ano foi ainda pior, registrando queda de 48,28% no período.
Na tabela abaixo, podemos enxergar que a mesma tendência aplicou-se a outros ativos relevantes do mercado, como o ether (ETH), litecoin (LTC) e ripple (XRP).

Por que caiu?

O nível do fluxo de dinheiro que ingressou no mercado de criptomoedas no mês de março despencou comparado ao volume visto nos dois últimos meses de 2017 e até mesmo no início deste ano. O volume de negócios nas principais corretoras do mundo, conforme mostra o gráfico abaixo, vem enfraquecendo e o mês de março comprovou essa tendência de baixa.

O baixo volume de negócios vem acompanhado de outro importante indicador de interesse deste mercado: as pesquisas no Google do termo “bitcoin”.
Utilizando a ferramenta de análise de tendências do buscador, podemos ver que o interesse da população em geral pelo bitcoin atingiu níveis comparáveis ao mês de outubro de 2017, quando o preço do ativo rondava a casa dos R$22.000.

Historicamente, o preço do bitcoin e consequentemente a sua capitalização de mercado têm acompanhado a curva de tendência de buscas no Google. O descolamento entre o market cap do ativo e o nível de interesse da população no principal buscador, como podemos ver na imagem acima, pode significar pelo menos duas coisas:

I) que o ativo está sobrevalorizado em decorrência da existência de usuários que não estão dispostos a se desfazer do ativo (holders) ou;

II) os dois indicadores deixaram de ter correlação devido ao aumento do conhecimento do ativo pelo público em geral. Ou seja, muita gente já sabe o que é, já comprou, já vendeu e pode voltar a comprar a qualquer momento.

A mão da regulação

Em março, representantes dos países do G20 reuniram-se em Buenos Aires para discutir, dentre outros temas, a questão da necessidade de se criar uma diretriz global de regulamentação do mercado de criptomoedas.
A conclusão geral foi de que ainda é cedo para que qualquer ação mais ostensiva seja feita nesta direção. O mercado recebeu essa notícia como positiva, mas isso não foi suficiente para fazer com que o preço do BTC e de outros ativos retomasse o viés de alta.

Os diversos comitês internacionais que discutem esse assunto demonstraram que preferem chamar o bitcoin e seus semelhantes de criptomoedas ao invés de denominá-los como moedas digitais.
De acordo com o comunicado oficial divulgado ao final do encontro, o Comitê de Estabilidade Financeira do G20 irá em julho de 2018 trazer os resultados dos trabalhos de análise do ecossistema para uma nova rodada de discussões.
Nos Estados Unidos, a Securities and Exchange Commission (SEC), responsável pela regulação do mercado de capitais do país, deu sinais claros de que não irá tolerar a proliferação de ofertas iniciais de criptomoedas (mais conhecidas pela famigerada sigla ICO) que tratam-se, na verdade, de ofertas de valores mobiliários.

O cerco às ICOs irregulares deve se intensificar pelo mundo. Esse movimento impacta diretamente ativos como o ETH, pois boa parte das ofertas de tokens é lançada a partir da rede do Ethereum.

Arbitragem eficiente

Também ficou evidente, ao longo do mês de março, que os spreads nas principais praças de negociação de bitcoin e de outros ativos criptográficos encontrou um certo ponto de equilíbrio.
Era comum, principalmente a partir da segunda metade de 2017, ver diferenças de preços da ordem de 10%, 15%, chegando a 25% entre mercados nos Estados Unidos, Coreia do Sul, Japão e até mesmo o Brasil. O mercado tem apresentado muita eficiência entre os arbitradores e o break even do spread tem se pautado muito nas regras de controle de capitais de cada país.

Consolidação à vista

O mercado de criptomoedas parece estar entrando em um momento de consolidação. Os investidores que queriam tomar risco, principalmente aqueles que entraram no final do ano passado, dão sinais de já terem realizado lucros ou prejuízos.
O mercado agora aguarda por novos movimentos de entrada de capital para buscar níveis de preço mais elevados.
Não podemos descartar uma retração ainda maior no preço dos ativos, principalmente devido ao desaquecimento das negociações pelo mundo e de eventuais apertos regulatórios em mercados importantes.
O momento atual é de atenção e paciência, principalmente no que tange às inovações tecnológicas que cada ativo vem desenvolvendo.

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