Bem-vindos à mais uma edição do “O HODLER”, a melhor newsletter do mercado crypto brasileiro.
Hoje eu vou parar de falar de L2 e de teses de mercado.
Temos outro assunto super importante que devemos dar atenção agora e já mencionei ela em relatórios anteriores – mas de maneira bem simplória e passageira .
Vamos entrar de cabeça na tão falada Worldcoin e tentar entender o que ela é? O que come? Como vive?
Sexta feira no Globo Repórter? Aqui não, vamos ver é agora!
🤔 O que é a Worldcoin?
Imagine um mundo onde cada pessoa, independentemente de onde esteja, possa provar sua humanidade online, mantendo sua privacidade intacta. Este é o sonho da Worldcoin, uma iniciativa que visa criar uma rede de identidade e financeira que pertence a todos nós, a humanidade.
Seu objetivo é abrir portas para oportunidades econômicas, permitir processos democráticos globais e até mesmo pavimentar o caminho para uma Renda Básica Universal financiada por IA.
A visão central da Worldcoin está com o conceito de “prova de pessoa”, que se refere à confirmação de que um indivíduo é humano único. Esse é um grande problema.
No mundo digital de hoje, provar que você é uma pessoa real é surpreendentemente difícil. Isso torna coisas como votar online ou distribuir recursos de forma justa um desafio. – E à medida que a inteligência artificial se torna cada vez mais avançada, fica ainda mais complicado distinguir humanos de bots.
A Worldcoin baseia-se em três pilares de acordo com seu whitepaper.
Primeiro, a prova de pessoa é um primitivo digital necessário e que se tornará cada vez mais importante à medida que modelos de IA mais poderosos ficarem disponíveis.
Em segundo lugar, uma prova de pessoa escalável e inclusiva permite, pela primeira vez, alinhar os incentivos de todos os participantes da rede em torno da adição de humanos reais à rede.
Por fim, na era da IA poderosa, a maneira mais confiável – e, talvez mais surpreendentemente – de emitir uma prova de pessoa global é através de hardware biométrico personalizado.
Mas para fazer isso tudo acontecer é necessário passar por algumas barreiras que acabam gerando muitas polêmicas principalmente voltadas à liberdade.
💡 Quem está por trás desse projeto ambicioso?
Sam Altman é o principal nome por trás da Worldcoin. Não reconheceu o nome? Calma que vamos falar tudo sobre esse homem.
Ele é uma figura bem conhecida no mundo da tecnologia e do empreendedorismo. Altman nasceu em 1985 e cresceu em St. Louis, Missouri, nos Estados Unidos. Ele estudou ciência da computação na Universidade de Stanford, mas abandonou a escola para começar uma empresa chamada Loopt, um aplicativo de rede social baseado em localização, que foi posteriormente adquirido pela Green Dot Corporation.
Altman é talvez mais conhecido por seu papel como presidente da Y Combinator, uma das mais prestigiadas aceleradoras de startups do mundo, de 2014 a 2019. Durante seu tempo na Y Combinator, ele ajudou a moldar a trajetória de muitas startups de sucesso, incluindo Airbnb, Dropbox e Reddit.
Além de seu trabalho na Worldcoin, Altman também é o CEO da OpenAI, uma organização de pesquisa em inteligência artificial baseada em San Francisco. A OpenAI é conhecida por desenvolver modelos de linguagem de IA de ponta, como o GPT-3, que são usados para uma variedade de aplicações, desde chatbots até redação de artigos.
Altman é conhecido por suas visões futuristas e frequentemente fala sobre tópicos como inteligência artificial, criptomoedas e o futuro do trabalho. Ele é um defensor da Renda Básica Universal (UBI) e acredita que a IA tem o potencial de criar uma abundância de riqueza que poderia ser distribuída para todos através de uma UBI.
No entanto, – aí que começa nossas discussões sobre o projeto – Altman também tem sido objeto de críticas e controvérsias. Sua liderança na Worldcoin e na OpenAI tem levantado questões sobre privacidade e ética, especialmente em relação à coleta de dados biométricos pela Worldcoin e ao uso de grandes conjuntos de dados pela OpenAI.
💡 WorldID, token e app
WorldID, token e o app são os três elementos iniciais que o usuário interage dentro do protocolo. Vamos entender como cada um funciona dentro do ecossistema.
O World ID: O World ID é a resposta da Worldcoin para a prova de pessoa. Ele permite que você verifique sua humanidade online, enquanto mantém a privacidade – o que não é totalmente verdade e vamos ver mais pra frente -, usando um dispositivo biométrico chamado Orb. O objetivo é que cada World ID seja único para o indivíduo a quem foi emitido.
O token Worldcoin: Para incentivar todos na rede a trabalhar juntos para o crescimento da rede, a Worldcoin emite seu próprio token. Isso é especialmente importante no início, para ajudar a superar o “problema de arranque frio” e fazer com que o projeto decole.
O World App: O World App é a primeira interface para o World ID. Ele orienta você durante a verificação com o Orb e mantém suas credenciais do World ID. O objetivo é tornar o acesso à infraestrutura financeira descentralizada global o mais fácil possível.
⚠️ O que está por baixo do tapete?
Apesar da visão ambiciosa da Worldcoin, eu tenho muitas dúvidas e preocupações que devem ser levadas em consideração.
A Worldcoin está coletando informações biométricas sensíveis, principalmente de pessoas pobres, para criar sua rede. Isso levou a questionamentos sobre a privacidade e segurança desses dados. Além disso, a Worldcoin prometeu deletar todas as informações biométricas coletadas durante a fase de testes, mas isso depende da confiança dos usuários na empresa para cumprir essa promessa. – hoje são mais de 2 milhões de pessoas de acordo com o site do projeto.
O projeto não é garantia de resolução de um dos problemas que é a “prova de pessoa”. A estratégia de implementação da Worldcoin resultou na criação de um mercado negro para credenciais verificadas. As identidades digitais do World ID estão sendo vendidas por cerca de $30, permitindo que qualquer pessoa com mais de $30 possa ter mais de uma identidade digital. Isso desafia a ideia de que cada World ID é único para o indivíduo a quem foi emitido.
A ligação de características biométricas imutáveis ao dinheiro poderia ter consequências distópicas. Se a identidade digital de uma pessoa for perdida ou bloqueada de alguma forma, essa pessoa poderia ser efetivamente excluída da economia digital. Ao contrário do dinheiro tradicional e de outras criptomoedas, você não pode simplesmente criar uma nova carteira e adicionar novas moedas a ela.
Quando a gente vai para a blockchain e vê alguns dados on-chain, achamos algumas coisas interessantes. Apesar de a Worldcoin se apresentar como uma rede “propriedade de todos”, a distribuição real de tokens sugere o contrário. Os 10 principais endereços detêm 98,63% do total de tokens Worldcoin. Além disso, uma parcela significativa de todos os tokens que existirão é alocada para os insiders, incluindo desenvolvedores da Worldcoin, operadores de Orb e investidores famosos.
A estrutura de mercado da Worldcoin é propensa à manipulação e à dinâmica de bombeamento e despejo. Apenas cerca de 1% dos dez bilhões de tokens Worldcoin que existirão estão em circulação, a maioria nas mãos de formadores de mercado parceiros da Worldcoin. Isso cria uma estrutura de mercado que pode atrair investidores especulativos de varejo e permite que os formadores de mercado internos garantam lucros.
👀 Oportunidade ou risco?
A Worldcoin é uma visão ousada para o futuro da identidade e finanças digitais. Embora ainda haja muitos desafios a serem superados, a promessa da Worldcoin de criar uma rede de identidade e financeira globalmente inclusiva é um objetivo digno de ser perseguido. Afinal, em um mundo cada vez mais digital, ser capaz de provar que você é humano é mais importante do que nunca.
No entanto, as críticas e preocupações levantadas destacam a importância de abordar questões de privacidade, segurança e equidade na distribuição de tokens.
Esse projeto não está nas minhas teses ou narrativas importantes quando o foco é especulação e investimento, mas vale a pena ficar de olho e ver as próximas atualizações do projeto.
⚠️ Gostou?
Espero que tenham gostado de mais uma news.
Fique atento às próximas edições de “O HODLER” para acompanhar as novidades do mercado e se manter informado sobre as tendências e oportunidades no mundo das criptomoedas.
Se quiser me acompanhar, estou no Twitter e Instagram sempre analisando mercado e tendo alguns insights.
Até a próxima edição!