Derivativos aquecem o Bitcoin

Derivativos aquecem o Bitcoin

A cautela é o nome do jogo dos mercados para esta semana. Os dados do setor empregatício norte-americano deixaram os investidores perdidos e pouco confortáveis com a situação monetária dos Estados Unidos. Por isso, aumenta a pressão sobre os juros do país. Ao mesmo tempo, a retomada das negociações na China, pós-feriado, deve adicionar uma boa volatilidade às ações e criptomoedas, enquanto as tristes tensões geopolíticas em Israel podem conturbar o petróleo. Em meio a isso tudo, o Bitcoin briga na região dos US$ 28 mil, enquanto observa um crescimento da acumulação e, principalmente, do mercado de derivativos da criptomoeda.

 

 

Mais um triste capítulo

Pouco mais de um ano após o início da guerra na Ucrânia – que ainda não teve fim – o mundo está vivenciando mais um conflito importante, desta vez em Israel. É extremamente triste ver vidas sendo perdidas, enquanto grupos e governos se digladiam em suas guerras. Mas como uma discussão social e filosófica não é o objetivo do Satoshi Call, vou destacar, além do óbvio, as consequências econômicas que esse conflito pode trazer ao mundo. 

Neste caso, estamos falando do petróleo. Israel não é um grande produtor dessa base de energia global. Mas o Irã, que apoia o Hamas, sim! Embora os ataques não estejam ainda localizados nas regiões petrolíferas, especialistas começam a se questionar como a expansão e prolongamento da guerra pode afetar a produção local de combustíveis, assim como possíveis sanções econômicas levem o governo iraniano a fechar suas torneiras ao exterior. Esse receio já elevou o preço do barril em 4% esta manhã.

Com a valorização do petróleo, a tendência é que os custos dos transportes de matérias-primas e produtos finais se elevem, o que impacta diretamente na inflação. Essa pressão é semelhante ao que aconteceu quando a Rússia sofreu sanções econômicas, após invadir a Ucrânia. Como resposta, Vladimir Putin decidiu cortar alguns fornecimentos de gás, aumentando consideravelmente o preço da energia em muitos países europeus. 

 

 

 

Isso aqui tá certo?

A expectativa dos investidores em relação aos dados do mercado de trabalho norte-americano deram lugar a uma enxurrada de dúvidas. As informações apresentadas ao longo da semana foram bastante conflitantes, com o Payroll sendo o fiel da balança para “decidir” a situação.

Considerando os números divulgados, a situação empregatícia do país segue bastante aquecida, com quase o dobro – em relação às estimativas – de novos trabalhadores . Isso acaba colocando ainda mais pressão sobre o Federal Reserve, que pode usar a oportunidade para voltar a elevar os juros novamente.

 

  Setembro Projeção Agosto
Payroll 336 mil 170 mil 227 mil
Taxa de Desemprego 3,8% 3,7% 3,8%

 

Jerome Powell, inclusive, realizou um breve discurso na Pensilvânia, na última semana, reforçando que o foco do Banco Central é gerar uma “economia saudável” e um mercado de trabalho “forte”. Essa fala, entretanto, caminha ligeiramente na contramão do que os formuladores de política monetária discutem recentemente. As autoridades apontam que os resilientes empregos tem sido o principal catalisador para a manutenção do aperto monetário.

Apesar dos esforços para um “pouso suave” e evitação de uma estagflação, a realidade é que há poucos sinais de que a economia dos Estados Unidos, de fato, está andando. Os Índices Gerente de Compras (PMIs) Industrial, de Serviços e Composto até vieram em linha ou acima das expectativas dos analistas. Entretanto, não destacam uma melhora significativa e, em alguns casos, apontam um retrocesso. Mas se vale um ponto “positivo” nesta história, é que a desaceleração está justamente na área de Serviços, em que a pressão inflacionária tende a ser maior.

 

 

Na contramão de tudo

Na Zona do Euro, a economia está o oposto do que caminha a norte-americana. Enquanto os PMIs ainda apontam uma retração dos principais motores locais, o setor de Serviços permanece em expansão. Com isso, a inflação ao consumidor (CPI) pode ser pressionada para cima, enquanto os dados mostram que os preços ao produtor (PPI) permanecem em recuo.

 

  Setembro Projeção Agosto
PMI Serviços 48,7 48,4 47,9
PPI -11,5% -11,6% -7,6%

 

A taxa de desemprego no bloco também recuou, embora bem pouco. Mesmo assim, mostra que o mercado de trabalho pode estar ligeiramente aquecido. Ou seja, mais um problema para o Banco Central Europeu (BCE) analisar.

 

 

 

Que descanso, hein?

Após uma semana de feriado prolongado, a China, enfim, reabriu seus mercados na última noite, colocando mais lenha na fogueira do volátil mercado financeiro. As expectativas são distintas, com os investidores de olho em como os chineses vão reagir ao gigante rendimento dos títulos do tesouro norte-americano, a crise da incorporadora imobiliária Evergrande, e, claro, a guerra em Israel.

 

 

BACEN tá otimista

Os últimos dados econômicos têm mostrado uma certa flutuação no Brasil. O Índice Gerente de Compras Industrial, por exemplo, voltou ao território de contração, o que pode pressionar o setor e as perspectivas do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. Em contrapartida, a produção industrial apontou alta de 0,5%, em agosto, contra -1,1% registrado no mês anterior.

Em evento na Associação Brasileira de Câmbio, o presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto, disse ver com bons olhos o comportamento dos preços de alimentos e bebidas no país. A autoridade monetária comentou ainda que o caminhar da inflação está relativamente dentro das metas do BACEN para este e os próximos anos.

 

 

Na luta pelos US$ 28 mil

Após um período de baixas, o Bitcoin esboçou uma recuperação de preços, seguindo até mesmo a perspectiva técnica apontada em Satoshi Calls anteriores. Mas a realidade, é que os US$ 28 mil seguem sendo uma pedra no sapato dos touros, que sentem a pressão dos vendedores neste nível. A narrativa, porém, de que a criptomoeda está operando cada vez mais dentro de seus próprios fundamentos se faz valer, em partes. Afinal, pelo menos até agora, nenhum movimento muito brusco aconteceu ao ativo, diante dos diversos eventos macroeconômicos e geopolíticos recentes.

 

 

Olhinho na rede

Dados on-chain mostram o comportamento da rede, a análise da distribuição de oferta mostra o interesse de três grandes grupos de detentores do ativo: carteiras com 10 a 100 BTCs, 100 a 1 mil moedas e 1 mil a 10 mil tokens. De acordo com a Santiment, essas carteiras têm acumulado ferozmente desde o início do mês passado. No total, os registram apontam que tubarões e baleias, juntas, adquiriram um combinado de US$ 1,17 bilhão em Bitcoin, no período.

 

 

Operações futuras

Outra forma de medir o apetite dos investidores está no mercado de derivativos. Desde agosto, há um aumento significativo no número de posições abertas de contratos futuros e também de opções. Embora não seja possível medir estratégias, como o mesmo investidor possuindo contratos de compra e venda para reduzir seus riscos, a realidade é que o setor está, de fato, mais aquecido, como aponta o gráfico abaixo.

Entretanto, há uma pequena pista para identificar se o mercado está mais posicionado para compra ou venda, que é o funding rate ou taxa de financiamento. Como mostra a imagem a seguir, a taxa atual está, em média, em 0,003. Isso aponta que os bears ainda são maioria, já que o nível está abaixo do tradicional 0,01%, considerado “neutro”. Mesmo assim, é possível notar que o movimento de alta do funding segue o mesmo comportamento do crescente volume de posições abertas. Assim, pode-se supor que os bulls estão começando a dar mais as caras pelos mercado.

 

 

O que dizem os gráficos?

As bandas de Bollinger seguem espremidas, apontando o atual cenário de baixa volatilidade para o Bitcoin. Entretanto, o padrão cup and handle ainda se faz valer, com o preço da criptomoeda estabelecido acima do canal de baixa responsável pela “alça” do desenho, mesmo com o mercado em queda nesta manhã. Em contrapartida, a mediana da banda atuou como uma resistência no fechamento da semana anterior, o que pode dificultar a vida dos bulls no curto prazo e levar o preço do ativo para baixo.

Fonte: TradingView, em 09/10, às 8h29min.

 

Nos indicadores adjacentes, o MACD continua com o movimento de aproximação de suas linhas, sugerindo que os compradores estão cada vez mais fortalecidos neste momento de mercado. Já o Índice de Força Relativa (RSI), mira os 51 pontos, acompanhando esse ligeiro crescimento dos touros.

 

 

Conclusão

O Bitcoin vem mostrando resiliência a certos eventos macroeconômicos. Mas nem por isso é possível se descuidar deles. A retomada das negociações na China pós-feriado, as tensões geopolíticas em Israel e dados inflacionários nos Estados Unidos estão à mão para bagunçar todo o mercado.

Entretanto, a perspectiva de acumulação pré-halving ainda está presente, com as carteiras seguindo seu viés de compras há meses. A retomada de uma situação mais especulativa, com o aumento de posições abertas no mercado de derivativos, pode ser a fagulha que faltava para dar uma movimentação maior no preço do Bitcoin – seja para cima ou para baixo.

Inédito setembro para o BTC e volta dos US$ 28 mil

Inédito setembro para o BTC e volta dos US$ 28 mil

O Bitcoin (BTC) marcou um raro – mas não inédito – setembro positivo. Nos últimos dez anos, esta foi a terceira vez em que a criptomoeda de referência apresentou ganhos neste mês. Este comportamento é conflitante com os temores associados à flexibilização do gasto público nos Estados Unidos e uma constante valorização do dólar norte-americano. O sinal de que o ativo digital está amadurecendo é cada vez mais nítido, e seus próximos fundamentos dão corpo ao movimento de preços, que não só retomou os US$ 28 mil, mas pode também manter sua alta no curto e médio prazos, seguindo a perspectiva técnica demonstrada em outros Satoshi Calls.

 

Salvos pela caneta!

Um velho conhecido bateu à porta dos Estados Unidos nas últimas semanas e só na noite deste sábado que uma resolução foi encontrada. Para evitar a paralisação de importantes serviços federais, o governo precisava remanejar seus gastos. A discussão entre deputados e senadores foi grande e até parlamentares da base do governo se opuseram ao modelo apresentado para salvar o mês.

Porém, mais uma vez, o “shutdown” foi evitado com a assinatura do projeto de lei por Joe Biden no lento – mas pontualmente veloz – capitólio. Quem “se deu mal” nessa foi a Ucrânia, que viu seu financiamento à guerra contra a Rússia ser retirado do documento. Entretanto, congressistas disseram que este assunto será tratado separadamente.

Apesar da vitória do governo, há pouco a se comemorar. Afinal, os US$ 16 bilhões liberados só dão fôlego ao país até 17 de novembro. Até lá, novas negociações devem ocorrer para que os Estados Unidos consigam flexibilizar suas contas.

Embora críticas possam ser feitas, a necessidade de projetos de leis momentâneos para manter o governo operando vem de tempos atrás. Desde a pandemia do novo coronavírus, por exemplo, parlamentares da base de Donald Trump também lutavam para conseguir verba e evitar um shutdown. Então, podemos esperar que a história e os receios se repitam mais vezes.

 

 

Um respiro econômico

Polêmicas e flexibilização de gastos à parte, os Estados Unidos viram seu Produto Interno Bruto (PIB Q2) avançar 2,1% no segundo trimestre deste ano, ligeiramente abaixo do esperado pelos analistas. Ao mesmo tempo, o índice de preços PCE fortalece – mesmo que só um pouquinho – a narrativa positiva para um “pouso suave”.

 

Setembro Projeção Agosto
PIB Q2 2,1% 2,2% 2,0%
PCE 3,7% 3,7% 4,9%

 

Sinais menos pessimistas

A Zona do Euro é uma das regiões mais voláteis economicamente falando atualmente. Os índices de Confianças do Consumidor e Serviços recuaram novamente, mostrando que há pouco sinal de uma recuperação por lá. A indústria, porém, é uma luz no fim do túnel. Apesar de ainda estar em campo negativo, o setor vem melhorando mês a mês sua confiança no bloco. O alívio mesmo vem nas prévias da Inflação ao Consumidor (CPI), que apontam para uma desaceleração em setembro.

 

Setembro Projeção Agosto
CPI 4,3% 4,5% 5,2%
Núcleo CPI 4,5% 4,8% 5,3%

 

Um possível otimismo, entretanto, passa bem longe da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde. A chefe monetária disse que as pressões domésticas sobre os preços continuam fortes, sinalizando que a inflação ainda é uma preocupação na região. Em outras palavras: nada de corte de juros!

 

Desabando paredes

Na China, outra velha conhecida deu as caras na última semana. A crise da Evergrande, uma das maiores incorporadoras imobiliárias do país, elevou as preocupações sobre a recuperação econômica chinesa.

Por se concentrar em um setor base da economia local, a situação da Evergrande tem potencial para impactar não só o mercado imobiliário, mas também outros segmentos, sejam eles nacionais ou internacionais. O efeito cascata sobre o calote da incorporadora e sua quebra são discutidos há mais de ano.

 

Não se animem com os juros

O recente corte de 0,5% na SELIC animou os investidores brasileiros, que viram a possibilidade de uma aceleração na redução dos juros. Entretanto, não é isso que a ata do Copom mostra. Na última reunião, o documento aponta que flexibilizações acima dos 50 pontos-base estão distantes, ainda mais considerando possíveis forças inflacionárias.

Essa perspectiva é compartilhada com os dados, em que o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial, subiu 0,35% em setembro. Já a inflação de porta de fábrica (PPI) também subiu 0,92% em agosto, após seis quedas consecutivas. No entanto, há uma notícia positiva no front do emprego: a taxa de desemprego caiu para 7,8% no trimestre encerrado em agosto.

 

 

Bitcoin contrariando a história

Setembro se encerrou em meio a um raro evento. O Bitcoin terminou o mês com alta de 3,99%. Para se ter uma ideia, nos últimos dez anos, apenas em três ocasiões – contando esta – que a criptomoeda de referência fechou o período com ganhos. Já na abertura de outubro, a tendência de alta permanece, com o mercado empurrando o ativo para próximo dos US$ 28,5 mil. Chamado também de uptober, este mês costuma ser positivo à moeda digital, segundo dados históricos. Assim, as oscilações macroeconômicas mais uma vez foram praticamente desconsideradas pelos investidores, com seus próprios fundamentos sendo responsáveis pela alta.

 

Beijinho no ombro e tchau!

Os quase inéditos ganhos em setembro contrastam com os avanços constantes do índice dólar (DXY). Apesar de uma alta de 2,45% da moeda norte-americana no último mês, o Bitcoin também seguiu no positivo.

Este movimento, de certa forma, pausa momentaneamente a famosa correlação inversa de desempenho entre esses dois ativos. Por conta desse paralelo histórico, é importante manter o dólar no radar para observar quanto tempo essa descorrelação vai durar.

 

Adiamentos e acúmulos

A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) adiou mais uma vez a decisão sobre os ETFs de Bitcoin propostos por BlackRock, Bitwise, Valkyrie, entre outros gestores. Não dá para dizer que este movimento é uma surpresa, afinal, os reguladores ainda não estão nem um pouco confortáveis em dar este passo em prol de uma demanda institucional por um ativo descentralizado.

Mesmo assim, a decisão negativa passou longe de afetar um dos maiores compradores corporativos de BTC. A MicroStrategy, liderada por Michael Saylor, comprou mais 5.445 Bitcoins, totalizando US$ 147,3 milhões.

 

De olho na rede

A falta de uma movimentação mais brusca para o preço do Bitcoin acompanha uma queda considerável no volume de troca da criptomoeda, que atingiu mínimas de 5 anos. Com isso, podemos entender que os detentores estão no modo HODL de suas moedas. 

 

 

O baixo número de trocas é observado também pelo cada vez menor volume de BTC disponível nas exchanges. Esse comportamento costuma indicar que as negociações estão restritas a contato direto, o que tende a reduzir as compras e vendas, assim como sugere uma falta de intenção de comercialização. Além disso, há sinais bullish, à medida que as baleias continuam a acumular, segundo a Chainlink.

 

 

Saindo da xícara

A análise técnica do último Satoshi Call caminha para uma confirmação nesta semana. Com os ganhos recentes, o Bitcoin está rompendo o canal da alça da xícara do padrão cup and handle. Caso o desenho se consolide mesmo, podemos observar uma alta de preços ainda mais consistente no curto e médio prazos, quebrando resistências importantes, como a região dos US$ 30 mil.

 

Já as bandas de Bollinger voltaram a um período lateral, acompanhando bem o momento de baixa volatilidade da criptomoeda. A mediana, em US$ 28 mil, é o nível de equilíbrio no momento. Em contrapartida, os US$ 24,3 mil são o suporte mais próximo, marcado pela linha inferior do indicador, assim como pelo meio do canal da alça e também pela última grande resistência rompida.

Nos indicadores adjacentes, o MACD mantém sua aproximação das linhas para um cruzamento para cima, mostrando a força dos touros neste momento. Enquanto isso, o Índice de Força Relativa (RSI) se posiciona acima dos 54 pontos, com o setor em equilíbrio, mas com leve vantagem dos compradores.

 

Conclusão

O amadurecimento do Bitcoin tem sido nítido nos últimos meses. As constantes oscilações marcadas pelos eventos macroeconômicos estão cada vez menores, tornando a criptomoeda um ativo mais autônomo e com suas próprias perspectivas. Claro que este crescimento ainda é algo volátil e movimentos externos nunca devem ser desconsiderados, afinal, eles afetam toda uma economia global extensa.

Mas como discutido em outros Satoshi Calls, o halving cada vez mais próximo tem colocado o Bitcoin em uma posição aparentemente favorável à acumulação. A baixa volatilidade e reservas da criptomoeda nas exchanges menores são comportamentos bem característicos destes períodos. 

Há ainda uma série de etapas a serem cumpridas e muitas resistências quebradas para que vejamos o potencial histórico do halving. Até lá, os padrões gráficos podem ajudar na tomada de decisão e potencializar as negociações e acúmulos da criptomoeda no curto e médio prazos.

 

Alheio, BTC forma uma… Xícara?

Alheio, BTC forma uma… Xícara?

A lateralidade permanece firme e forte para os lados do Bitcoin (BTC). Embora seja característica de períodos pré-halving, a falta de “pistas” sobre o comportamento da criptomoeda é, até certo ponto, angustiante para muitos investidores. Para complicar ainda mais, há também uma descorrelação importante da moeda digital com o mercado tradicional, tornando os gatilhos de preços – sejam de alta ou baixa – ainda mais imprevisíveis. Por isso, a ideia aqui é pontuar essa perda de conexão e como os fundamentos do próprio BTC podem ser o ponto-chave para embasar suas negociações.

 

Vem mais juros por aí!

Nos Estados Unidos, a política monetária esteve no centro do palco na última semana. Como esperado pela maioria dos investidores, o Federal Reserve manteve sua taxa de juros atual, assim como fez duas reuniões atrás.

Entretanto, Jerome Powell, presidente do FED, disse que a inflação ainda não atingiu a meta desejada e indicou uma postura cautelosa em relação às taxas. Durante coletiva, o mandatário comentou que o banco central está disposto a elevar os juros novamente, se necessário, para manter a inflação sob controle. 

O ponto de discussão ganha um tom mais quente quando olhamos para as prévias do Índice Gerente de Compras (PMIs). Apesar da melhora nos indicadores de Serviços, Indústria e Composto, não dá para dizer que a economia está bem postada em território de expansão.

 

 

Na ponta do lápis

As contas públicas dos Estados Unidos continuam sendo o grande impasse no país. Os republicanos mais “casca-grossas” estão resilientes às pressões para aprovar novos cortes no orçamento. Inclusive, eles ainda levaram ao adiamento das votações no Congresso.

Caso não ocorra o reajuste nos gastos públicos, algumas funções federais – como a emissão de passaportes, entre outras atividades – podem ser paralisadas por falta de verba já no próximo mês. Essa perspectiva tem deixado congressistas e empresários preocupados com a situação das contas norte-americanas.

 

No caminho da recuperação?

Do outro lado do oceano, a Zona do Euro enfrenta seus próprios desafios. A queda contínua da inflação ao consumidor (CPI) pelo quarto mês consecutivo em agosto reflete uma demanda mais fraca e potencialmente um ambiente deflacionário. 

 

  Agosto Projeção Julho
CPI 5,2% 5,3% 5,3%
CPI Núcleo 5,3% 5,3% 5,5%

 

A queda de preços acompanha ainda um aumento significativo dos PMIs do bloco. Mesmo assim, Serviços, Indústria e Composto continuam abaixo dos 50 pontos, colocando a economia em possível recuperação, mas ainda em território de retração.

Neste caso, os dados da atividade econômica nos EUA, que mostram uma demanda mais fraca, podem ter implicações para a Zona do Euro, dada a relação econômica entre as regiões.

 

Revertendo o aperto

Os juros também foram tema central esta semana no Brasil. O Banco Central (BACEN) decidiu cortar em 0,5% a SELIC. Com isso, o país abandonou o posto de ser responsável pela maior taxa de juros reais do mundo. A decisão tem como objetivo e perspectiva estimular mais o investimento e consumo internos.

Em pronunciamento, a instituição disse que a redução dos juros deve seguir para as próximas reuniões e todos com a mesma magnitude. Ou seja, há grande probabilidade de que o Comitê de Política Monetária brasileiro faça um novo recuo de 0,5% no próximo encontro.

No entanto, o avanço do IGP-10 em setembro indica que as pressões inflacionárias são persistentes, e o BACEN terá que continuar monitorando de perto para garantir a estabilidade econômica.

 

 

Bitcoin desconectado da realidade

O Bitcoin enfrentou dias ligeiramente mais agitados na última semana. A criptomoeda de referência saltou rapidamente dos níveis mais baixos dos US$ 26 mil para perto dos US$ 27,5 mil. Este ponto serviu para realização de lucro de boa parte dos investidores, impedindo a continuidade do impulso.

 

Fim da correlação?

É interessante observar que, há alguns meses, o comportamento do Bitcoin parece “alheio” ao restante do mundo. É inflação de um lado, taxa de juros do outro, e a criptomoeda está lá, fazendo o “seu corre”. A falta de engajamento do ativo com eventos macroeconômicos têm chamado muito a atenção recentemente.

Em um estudo da IntoTheBlock, essa percepção é vista também nos números, a partir da sua métrica “coeficiente de correlação”. Se o indicador está acima de zero pontos, quer dizer que os ativos estão se movendo na mesma direção e ao mesmo tempo. Quanto mais próximo de 1, maior a correlação entre os ativos.

Em contrapartida, quando o coeficiente está negativo – abaixo de zero –, menor é a correlação entre eles. Desta forma, enquanto um ativo se valoriza, o outro tende a perder força simultaneamente. Assim, o Bitcoin de certa forma está alheio ao cenário macroeconômico.

Como podemos observar no gráfico, destaca-se não só seu desprendimento ao índice dólar (DXY), mas principalmente ao S&P 500 e Nasdaq 100, que costumavam ser grandes “puxadores” de ações de tecnologia e, consequentemente, das criptomoedas.

Essa descorrelação, portanto, coloca ainda mais dúvidas sobre os movimentos do Bitcoin, já que são menos informações disponíveis para analisar seu comportamento. Por outro lado, é um sinal de que a moeda digital está buscando o seu lugar ao Sol e operando a partir de seus próprios fundamentos.

 

Ninguém vende

Neste caso, nada mais justo do que observar os dados on-chain para identificar possíveis insights. Logo de cara, vemos que a oferta inativa de Bitcoin está atingindo máximos históricos. Isso sugere que muitos detentores estão acumulando e não querem vender seus ativos no curto prazo. 

A reserva de BTC nas exchanges – linha azul – segue caindo desde abril deste ano. Este movimento acentua ainda mais a narrativa de que o mercado está em fase de acumulação, provavelmente de olho no próximo halving, como vimos no Satoshi Call anterior.

 

Eles querem muito

O hype em torno do investimento institucional no mercado de criptomoedas é cada vez maior. A Grayscale, que já havia solicitado uma revisão de seu pedido de ETF de Bitcoin à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) , deu mais um passo à frente.

Agora, a empresa apresentou um novo pedido, desta vez, para lançar um fundo baseado em futuros de Ethereum (ETH). Caso aprovado, é mais um case de sucesso e uma nova oportunidade para a entrada investidores institucionais.

 

 

Vai um cafézinho aí?

No gráfico semanal, o Bitcoin segue dentro de seu movimento lateral, mas se recuperando da recente baixa, após uma aproximação ao último suporte de preços na região dos US$ 24 mil (linha azul). Este nível ganha ainda mais força, pois a linha inferior da banda de Bollinger também mira este ponto como possível fundo de futuras correções.

Fonte: TradingView, em 25/09/2023, às 8h35min.

Interessante notar também que o desenho de fundo duplo está em jogo e pode ser confirmado, caso a criptomoeda sustente o atual momento de alta. Corrobora com esta perspectiva o padrão Cup and Handle (xícara e alça) observados em laranja. Este desenho costuma anteceder uma valorização.

Já nos indicadores subjacentes, o MACD faz mais uma aproximação de suas linhas, mostrando que o mercado está saindo um pouco do controle dos bears. Ao mesmo tempo, o Índice de Força Relativa (RSI) aponta os 48 pontos, com o ativo ainda mais vendido, mas muito perto de um equilíbrio.

 

Conclusão

Apesar de todo o cenário macroeconômico conturbado, o Bitcoin parece que está “dando de ombros”, esperando que seus próprios gatilhos ou algo muito incrível aconteça para fazer algum movimento considerável. Até lá, a criptomoeda caminha lentamente, de forma lateral, e longe de cravar uma tendência bem definida.

Em meio a esta alienação do BTC, o mais prudente para os investidores é acompanhar os dados on-chain e notícias referentes ao setor criptográfico. Desta forma, é possível eliminar alguns ruídos das análises e ter uma direção melhor sobre o preço do ativo.

Fato é que há poucas pistas no radar, e os efeitos do halving já começam a dar seus primeiros sinais, com sua característica lateralização e tendência confusa cerca de um ano antes do evento técnico. Como resposta, o mercado está mais acumulando BTC do que desfazendo suas posições atuais.

Em recuperação, empresas miram BTC

Em recuperação, empresas miram BTC

Com a certeza de que a economia europeia tem muito chão para conter a inflação local, e uma aposta arriscada do mercado contra o aumento de juros nos Estados Unidos, o Bitcoin (BTC) – em meio a uma recuperação de parte das perdas recentes – vê seu processo de “legitimação” e interesse institucional crescer mundo afora. Até mesmo as características sustentáveis da blockchain estão abrindo o caminho para que mais gestoras solicitem a aprovação de um ETF de BTC à vista, que poderia gerar uma grande mudança no jogo.

 

 

No balanço econômico

Nos Estados Unidos, a situação econômica é uma mistura de crescimento robusto e desafios inflacionários. A aceleração da inflação ao produtor (PPI) e consumidor (CPI), esta última impulsionada em grande parte pelos preços da gasolina, é um sinal de que a demanda está superando a oferta em certos setores.

Este desequilíbrio pode ser temporário, mas, se persistir, pode levar a continuação do aperto monetário por parte do Federal Reserve, apesar de o mercado seguir apostando em uma manutenção da taxa de juros na reunião que será encerrada na próxima quarta-feira.

 

Agosto Projeção Julho
CPI 3,7% 3,6% 3,2%
Núcleo CPI 4,3% 4,3% 4,7%
PPI 1,6% 1,2% 0,8%
Núcleo PPI 2,2% 2,2% 2,4%

 

No entanto, a produção industrial avançou 0,4% em agosto, sugerindo que o setor manufatureiro está se adaptando e respondendo positivamente aos desafios. Com o aumento deste setor, há uma chance de que os estoques voltem a crescer, controlando melhor a demanda por produtos.

 

 

 

Juros e fragilidade

Na Europa, as ondas de incertezas são maiores. Por isso, o afrouxamento da política monetária ainda não é discutido pelas autoridades da Zona do Euro. O recente aumento de 0,25% na taxa de juros, atingindo um novo recorde, é uma clara resposta às pressões inflacionárias que têm preocupado os votantes do Banco Central Europeu (BCE).

Este movimento, embora seja uma ferramenta comum para conter a inflação, também pode ter implicações no crescimento econômico, tornando os empréstimos mais caros e potencialmente desacelerando os investimentos. 

 

Atual Projeção Anterior
Produção Industrial -2,2% -0,3% -1,1%
Taxa de Juros 4,5% 4,25% 4,25%

 

A declaração de Christine Lagarde, presidente do BCE, adiciona uma camada de incerteza ao não garantir o fim do ciclo de alta dos juros. Esta postura cautelosa é compreensível, especialmente quando consideramos a retração na produção industrial da Zona do Euro em julho, um sinal de que a recuperação econômica ainda é frágil.

 

 

Isso é uma retomada?

Após enfrentar desafios econômicos nos meses anteriores, a China passou a mostrar possíveis sinais de recuperação. O crescimento na produção industrial, varejo e serviços em agosto é um testemunho da resiliência da economia chinesa. 

 

Agosto Projeção Julho
Produção Industrial 4,5% 4,0% 3,7%
Vendas no Varejo 4,6% 3,0% 2,5%
Taxa de Desemprego 5,2% 5,3% 5,3%

 

No entanto, é essencial monitorar como o país equilibra seu crescimento com reformas estruturais e desafios geopolíticos.

 

 

Desafios à frente

Já o Brasil está navegando por um ambiente econômico desafiador. A inflação moderada, com o IPCA subindo 0,23% em agosto, sugere que o Banco Central está conseguindo manter as pressões inflacionárias sob controle. 

 

Agosto Projeção Julho
IPCA 4,61% 4,67% 3,99%

 

Entretanto, o crescimento de 0,7% nas vendas do varejo em julho indica uma recuperação do consumo, um pilar crucial para a economia brasileira.

 

 

 

Tempos de consolidação

No lado das criptomoedas, o Bitcoin (BTC) foi às mínimas dos US$ 24,9 mil até frear parte das perdas e direcionar uma reação para além dos US$ 27 mil. A força dos bulls parece estar voltando ao jogo, enquanto a cautela ainda é um sentimento determinante para os investidores.

O cenário atual mostra como compradores e vendedores estão travando uma briga intensa, em que qualquer tendência de curto prazo se torna um dilema. Parte desse movimento é visto na retirada intensa de BTCs das exchanges. Só do início do mês para cá, mais de 40 mil unidades foram sacadas das plataformas.

 

 

Sustentável

Apesar da falta de ação para a criptomoeda de referência, um relatório apresentado por analistas da Bloomberg mostram que mais de 50% da energia utilizada para mineração de Bitcoin vem de fontes renováveis.

A tendência deste modelo energético é crescente para este mercado, ainda mais com os bloqueios da atividade na China e problemas de produção de energia em algumas regiões dos Estados Unidos.

Com isso, não apenas o meio ambiente ganha, mas a própria imagem do BTC se fortalece, apresentando um ativo mais sustentável, na contramão do que Elon Musk, CEO da Tesla, apontou alguns anos atrás.

 

 

Apetite institucional

Nesta linha de evolução, empresas podem se tornar mais amigáveis ao Bitcoin, adotando a criptomoeda como meio de pagamento, investimento ou até para outras soluções corporativas.

Fato é que os ETFs de BTC à vista seguem no radar do mercado, com a expectativa de que, em algum momento, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) aprove as solicitações.

O otimismo parece prevalecer com mais players pedindo avaliações da SEC. Desta vez, foi a gestora Franklin Templeton que entrou com um pedido para aprovação de um ETF, apontando ainda mais o interesse institucional no ativo digital.

Até mesmo o Deutsche Bank, maior credor da Alemanha, entrou com pedido para a custódia de criptomoedas no país.

 

 

Tudo como previsto

Como discutido no último Satoshi Call, o Bitcoin deveria testar a região de US$ 24 mil, último importante nível de suporte deste ano. Caso o teste fosse bem sucedido aos compradores, havia a possibilidade de um repique, que acabou, de fato, colocando o BTC de volta aos US$ 27 mil.

 

Fonte: TradingView, em 18/09/2023, às 9h32min.

 

As bandas de Bollinger mostram que a lateralização pode perdurar no médio para a criptomoeda, com suas margens voltando a ficar paralelas, interrompendo a tendência de baixa.

O MACD também ganhou força, aproximando suas linhas para um possível cruzamento de reversão. Enquanto isso, o Índice de Força Relativa (RSI) subiu para 51 pontos, apontando que o mercado está, pelo menos um pouco, na mãos dos bulls.

 

 

 

Conclusão

Enquanto o cenário macroeconômico global é repleto de desafios e incertezas, o Bitcoin parece estar buscando seu ponto de tendência, em meio a uma consolidação. Chama a atenção para a criptomoeda, que o ativo está ganhando cada vez mais legitimidade a partir dos pedidos constantes de ETFs por parte dos grandes players norte-americanos.

Mesmo assim, é preciso analisar os fatores que englobam o ativo para determinar se a subida recente é apenas um repique ou a quebra do período de consolidação. Só assim, os compradores deverão se sentir mais confortáveis em realizar compras mais profundas. O comportamento gráfico, entretanto, dá sinais mais vantajosos aos bulls, principalmente pelo sucesso ao conter a descida de preços na última semana. 

Mesmo assim, cautela é o nome do jogo para os próximos dias, ainda mais com a decisão monetária nos Estados Unidos não estando tão definida assim, como muitos estão apostando na manutenção da taxa básica por lá. Um movimento contrário pode colocar uma forte volatilidade em todos os mercados e pegar investidores de surpresa.

Uma nova maneira de analisar o bitcoin

Uma nova maneira de analisar o bitcoin

Bem-vindos à mais uma edição do “O HODLER”, a melhor newsletter do mercado crypto brasileiro.

Hoje é dia de cair de cabeça na principal crypto do mercado, o Bitcoin.

No mundo em constante evolução das criptomoedas, a análise on-chain tornou-se uma ferramenta indispensável para entender a dinâmica do mercado. 

Eu estava lendo o novo relatório “Cointime Economics: A New Framework For Bitcoin On-Chain Analysis“, produzido por David Puell da ARK Invest e James Check da Glassnode, e ele apresenta uma nova abordagem para essa análise. 

Ambas as empresas, ARK Invest e Glassnode, são líderes reconhecidos no campo da pesquisa e análise de criptomoedas, e sua colaboração neste relatório destaca a importância do tema abordado.

Nessa semana vou trazer a minha visão sobre esse novo tipo de análise.

 

🤔 O que é o Cointime Economics?

O Cointime Economics é um novo framework desenvolvido para analisar métricas on-chain do Bitcoin. A ideia central é que a importância de um único bitcoin deve variar com base na última vez que ele foi movimentado. 

Por exemplo, o valor informativo de um bitcoin que permaneceu imóvel por 10 anos é mais significativo do que um que ficou imóvel por apenas 1 semana.

Neste modelo econômico do Bitcoin, um BTC perdido não é mais contabilizado como parte da oferta em circulação ou da base de custo de mercado. 

Enquanto soluções tradicionais baseadas em UTXO tentaram fazer ajustes de oferta usando heurísticas padrão da indústria (como oferta ajustada e oferta flutuante), esses ajustes seguiram decisões feitas por analistas que podem ser propensas a imprecisões.

Em contraste, o Cointime Economics oferece um framework matemático altamente consistente que mede a importância econômica de cada bitcoin ao longo do tempo com uma unidade fungível de medida que parece representar melhor o estado econômico da rede. Essa unidade é chamada de coinblock.

 

 

💡 O que é o Coinblock?

Os coinblocks são o produto do número de bitcoins e o número de blocos produzidos durante o período em que esses bitcoins permaneceram imóveis. 

 

 

Para ilustrar, 10 bitcoins mantidos durante o tempo necessário para produzir 10 blocos representam 100 coinblocks.

Os coinblocks podem ser expressos em unidades alternativas multiplicando o número de bitcoins pelo período em que permaneceram imóveis. 

Por exemplo, os “coindays” comumente usados são o produto do número de bitcoins e o número de dias em que permaneceram imóveis.

O resultado? 3 tipos de Coinblocks para nós olharmos com cuidado.

 

 

Os conceitos de Coinblocks Criados, Destruídos e Armazenados oferecem uma visão mais granular e econômica da atividade na rede Bitcoin. Eles permitem que analistas e investidores entendam melhor a dinâmica da oferta e demanda, bem como o comportamento dos detentores de bitcoins. 

Ao monitorar essas métricas, é possível obter insights sobre a saúde econômica da rede e as tendências de mercado.

  • Coinblocks Criados (Coinblocks Created)
    Os “Coinblocks Criados” representam a quantidade de coinblocks gerados na rede Bitcoin. Cada vez que um bitcoin é adquirido e mantido, ele começa a acumular coinblocks com base no tempo que permanece imóvel. Por exemplo, se você adquirir 10 bitcoins e mantê-los por 10 blocos (sem movimentá-los), você terá criado 100 coinblocks.
  • Coinblocks Destruídos (Coinblocks Destroyed)
    Os “Coinblocks Destruídos” medem o volume ponderado pelo tempo de bitcoins movimentados. Isso significa que, quando um bitcoin é movimentado (ou seja, gasto ou transferido), todos os coinblocks associados a ele até aquele momento são “destruídos”. Por exemplo, se dois bitcoins não se movimentaram por sete blocos e depois são transacionados, 14 coinblocks teriam sido destruídos. Um aumento no número de coinblocks destruídos indica a movimentação de moedas que estavam estáticas por um longo período. Isso pode ser interpretado como uma indicação de que os detentores de longo prazo estão vendendo ou movimentando seus bitcoins.
  • Coinblocks Armazenados (Coinblocks Stored)
    Os “Coinblocks Armazenados” representam o total de coinblocks que ainda não foram destruídos. Em outras palavras, é a diferença entre o total de coinblocks criados e o total de coinblocks destruídos. O valor econômico desses coinblocks é alto, pois eles geralmente pertencem aos primeiros adotantes do Bitcoin e são mantidos com lucro. Por exemplo, se 16 coinblocks foram criados e 6 foram destruídos, 10 coinblocks permanecem armazenados.

 

 

💡 Cases de aplicação

O primeiro caso foi do MVRV (Market-Value-to-Realized-Value) Aprimorado. Com o Cointime Economics, ele oferece uma versão mais precisa do MVRV, uma das métricas on-chain mais utilizadas atualmente.

A ideia é que, ao introduzir o conceito de Cointime, seja possível obter uma visão mais clara da sobrevalorização ou subvalorização do Bitcoin a longo prazo.

 

 

No segundo caso, temos a medição mais precisa da taxa de inflação do Bitcoin, que ao ajustá-la através do Cointime, este estudo sugere que a inflação foi severamente superestimada nos primeiros anos do Bitcoin, alinhando-se com a poderosa apreciação do preço na época.

 

 

O terceiro e último foi o Cointime Price – Um Novo Modelo de Piso para o Bitcoin, que traz um modelo ponderado pelo tempo e volume para o Bitcoin. Ele ajusta a base de custo do mercado pelo tempo mantido de cada bitcoin envolvido em uma transação. Por exemplo, em 7 de maio de 2023, o preço do Cointime era de $17,568 USD, 12,6% abaixo do preço realizado e 38,2% abaixo do preço de mercado.

 

 

⚠️ O futuro do novo modelo

O Cointime Economics oferece uma perspectiva revolucionária sobre a análise on-chain. Ao considerar o tempo e a atividade econômica, é possível obter insights mais profundos sobre o comportamento dos detentores de Bitcoin e a saúde geral do mercado.

O futuro da observação de dados em rede, com a adoção do Cointime Economics, promete ser mais preciso e informativo. À medida que o mundo das criptomoedas continua a evoluir, ferramentas como essa serão cruciais para investidores, pesquisadores e entusiastas entenderem as complexidades do mercado.

Já comecei a testar nas minhas análises nas últimas semanas e venho trazendo mais novidades para vocês nas próximas cartas.

 

 

⚠️ Gostou?

Espero que tenham gostado de mais uma news. 

Fique atento às próximas edições de “O HODLER” para acompanhar as novidades do mercado e se manter informado sobre as tendências e oportunidades no mundo das criptomoedas.

Se quiser me acompanhar, estou no Twitter e Instagram sempre analisando mercado e tendo alguns insights.

Até a próxima edição!

Ciclos do Halving do Bitcoin

Ciclos do Halving do Bitcoin

A inflação global segue sendo o mote do sentimento dos investidores, que apontam cautela em suas operações e análises. Para o Bitcoin (BTC) nem mesmo as apostas de que o Federal Reserve (FED) irá segurar os juros na próxima reunião está sendo o suficiente para a criptomoeda de referência quebrar seu período lateral, após a última baixa expressiva. Os fundamentos, porém, mostram ainda uma preparação dos HODLErs para o próximo halving. Neste Satoshi Call, vamos explorar o que rolou na última semana e o que está por vir nos próximos dias, assim como observar melhor os ciclos do halving do Bitcoin.

 

 

Economia forte, mas…

Nos Estados Unidos, a atividade econômica “cresceu modestamente na maioria dos distritos do país”, como apontou o Livro Bege. Os gastos no varejo e demanda por bens apontaram uma breve queda, enquanto o setor de turismo apresentou um rendimento positivo, acima do esperado pelos analistas.

 

Agosto Projeção Julho
PMI Serviços 50,5 51,0 52,3
PMI Composto S&P Global 50,2 50,4 52,0

 

Complexidade econômica

A Zona do Euro é um tópico à parte, afinal, a bateria de dados econômicos recentes mostram que o país está ainda em território de retração, com os Índices Gerente de Compras (PMIs) de agosto recuando em relação ao mês anterior. Essas informações são apoiadas pelas prévias do Produto Interno Bruto (PIB), que vieram abaixo do esperado. 

 

Julho Projeção Junho
Inflação ao Produtor (PPI) -0,5% -0,6% -0,4%
Vendas no Varejo -1,0% -1,2% -1,0%
PIB 0,5% 0,6% 1,1%

 

Apesar do desempenho pouco otimista, a inflação ao produtor do bloco econômico aponta uma leve queda, mesmo que ainda mais fraca do que os analistas estimavam. Este arrefecimento pode estar ligado à manutenção das Vendas no Varejo em território negativo, colocando a demanda em baixa.

 

 

Nada de muito novo por lá

Assim como a Zona do Euro, a China também tem apresentado uma economia pouco linear. Os PMIs seguem em território de expansão, mas abaixo do que os analistas previam. Ao mesmo tempo, as Exportações e Importações, ainda em queda, melhoraram o desempenho na comparação com o mês anterior, apontando que a demanda está tentando retomar a alta.

 

Agosto Projeção Julho
Inflação ao Consumidor (CPI) 0,1% 0,1% -0,3%
Inflação ao Produtor (PPI) -3,0% -3,0% -4,4%

 

A inflação voltou a entrar no foco do país. Mesmo assim, o governo chinês segue gerando incentivos, o que impactou diretamente no aumento da compra de automóveis. As autoridades ainda anunciaram uma supervisão regulatória mais ativa para o setor do minério de ferro para monitorar a dinâmica do mercado.

 

 

Em expansão

Pelo Brasil, os dados são mais estáveis, com a economia mostrando ainda sinais de expansão, como é o caso dos PMIs. Em contrapartida, a Produção Industrial apontou recuo acima do esperado pelos entrevistados, o que pode colocar uma ligeira pressão sobre a economia brasileira.

 

Julho Projeção Junho
Produção Industrial -1,1% -0,5% 0,2%

 

 

Próxima semana

Um dos catalisadores para agitar o mercado vem dos Estados Unidos, que divulgam seus dados de inflação, Produção Industrial e Balanço Orçamentário do FED. Na Europa, veremos também a Produção Industrial e a decisão da taxa de juros pelo Banco Central Europeu. Já a China revela o seu desempenho industrial, Vendas no Varejo e Taxa de Desemprego. Pelo Brasil, o IPCA-15 é um dos destaques desta semana.

 

 

 

Preparação para o Halving

Após a última queda, os investidores sentaram em uma base de preços pouco confortável para o mercado geral. Ao longo da semana, o Bitcoin apontou até uma certa volatilidade, mas não o suficiente para levá-lo abaixo dos US$ 25 mil, tampouco romper para acima dos US$ 26 mil. Desta forma, a cautela prevalece, com os fundamentos apontando que o ciclo do Halving, estimado para abril do ano que vem, pode estar vendo seu início.

 

 

Máquinas ligadas

A mineração de BTC continua a todo vapor, colocando mais uma vez a dificuldade da atividade em seus níveis mais altos. Com o custo mais elevado para a emissão de novas moedas, os mineradores estão vendendo parte de suas participações para custear o processo. 

Entretanto, o gasto energético para validar as transações dentro da blockchain apontam que o valor atual do Bitcoin não é “justo”, de acordo com uma teoria de Charles Edwards. Em sua tese, o atual topo histórico do hash rate sugere um ótimo momento de compra, em que o preço o BTC atualmente deveria ser de US$ 47,2 mil.

 

 

Em posição

O fornecimento de Bitcoin está também cada vez mais nas mãos dos HODLers. Dados on-chain apontam que 40,53% do BTC está inativo há mais de três anos. Os indicadores apontam para uma oportunidade de compra geracional para investidores que conseguirem ser mais pacientes neste momento de mercado.

A narrativa faz sentido quando analisamos o desempenho do ativo digital nos períodos pré-halving. Assim como o analista de criptomoedas, Emerson Antunes, comentou em outros “Variação de Mercado”, este período é um momento de agitação, principalmente pelas consequências que este evento gera em todo o mercado.

 

 

Halving do Bitcoin

Apesar de sua importância, não será uma preocupação deste relatório explicar os detalhes do que é o Halving do Bitcoin – mas não se preocupe pois no botão abaixo você poderá aprofundar seu conhecimento sobre o assunto. O que vale mesmo aqui é que o Halving é um procedimento técnico que controla a inflação da criptomoeda. 

Ele torna a emissão da moeda digital cada vez mais reduzida ao longo da história e, como consequência, diminui a oferta do ativo no mercado global. Desta forma, pode-se esperar um choque entre oferta e demanda. 

Esse evento acaba gerando ciclos que, historicamente, costumam trazer grandes valorizações para o BTC no médio prazo, como veremos a seguir.

 

 

 

1º Halving

O primeiro Halving do Bitcoin aconteceu em novembro de 2011. Ao considerar o período de um ano – até novembro de 2012, a criptomoeda saltou de US$ 12,00 para US$ 1.163,00, acarretando uma alta de 10.400%.

 

2º Halving

O Halving seguinte foi acionado em julho de 2016. Seguindo o mesmo período, o BTC foi de US$ 682,00 para US$ 2.528,00. No total, a valorização foi de 270%. Porém, é importante destacar que houve um prolongamento do ciclo, que terminou em dezembro de 2017, quando a moeda digital alcançou sua então máxima histórica de US$ 20 mil.

3º Halving

O terceiro e último halving aconteceu em maio de 2020. Nesta época, foi quando o Bitcoin deixou os US$ 9.945,00 para alcançar os US$ 59.600,00 doze meses depois. A alta de 500% não ficou por isso. A extensão levaria o ativo para US$ 69 mil, em novembro do mesmo ano.

4º Halving

O quarto Halving está estimado para acontecer em abril de 2024, segundo dados do portal BitcoinBlockHalf.

Embora não seja possível determinar que o comportamento do Bitcoin vai se repetir neste próximo ciclo, a história nos diz que esses eventos têm um poder de influência considerável no mercado de criptomoedas.

O processo de acumulação visto recentemente no setor corrobora com a perspectiva mais otimista, que continua mantendo sua expectativa positiva, apesar dos ventos contrários e a pressão de vendas dos últimos dois meses.

 

Uma checada nos gráficos

Há poucas mudanças no comportamento gráfico do Bitcoin em comparação com a semana anterior. É possível observar que as bandas de Bollinger sustentam sua amplitude, em uma tendência de baixa, com a linha inferior servindo de suporte imediato.

Ao mesmo tempo, a zona dos US$ 24,3 (linha azul) continua sendo um importante nível de barreira para novas quedas. Como apontado em Satoshi Calls anteriores, é possível que o teste desta área sirva como um trampolim para o preço do BTC. O movimento ganha força ao considerar que o topo duplo (círculos brancos) ainda não foi consolidado, abrindo espaço, então, para um fundo duplo (círculos azuis), que reverteria a tendência de baixa atual.

Fonte: TradingView, em 11/09/2023, às 9h06min..

Nos indicadores subjacentes, o MACD continua com suas médias cruzadas para baixo, apoiando a narrativa de que o mercado está sob controle de uma força vendedora. O Índice de Força Relativa (RSI) acompanha esta perspectiva ao apontar os 44 pontos.

 

 

 

Conclusão

Imaginar que a situação macroeconômica vá se resolver nos próximos meses é uma ilusão. Mesmo que a taxa de juros seja paralisada, há ainda muito caminho a desenrolar para que as economias retomem suas metas de inflação e, principalmente, os estoques de materiais. Com isso, as flutuações econômicas vão ainda impactar muito o mercado de criptomoedas.

Por isso, analisar os fundamentos do Bitcoin e altcoins é essencial para gerar uma leitura de médio e longo prazo para reduzir os ruídos apresentados pelos fatores externos. O Halving do Bitcoin é um desses eventos. Estimado para abril de 2024, o processo costuma ter um impacto positivo para o criptoativo, criando uma oportunidade de compra interessante. Essa perspectiva parece ser, inclusive, compartilhada com investidores de longo prazo, que seguem acumulando a moeda digital e a mantendo armazenada em suas carteiras há muito tempo.

A análise técnica sugere ainda que o BTC ainda tem espaço para reverter a tendência de baixa, caso alguns fatores desencadeiem um volume de compras mais poderoso do que a pressão vendedora atual.

Criptomoedas estão vencendo a SEC

Criptomoedas estão vencendo a SEC

Satoshi Call

A volatilidade deu as caras novamente no mercado, com o Bitcoin (BTC) registrando mais perdas nesta semana, mesmo após ventos regulatórios positivos vindos dos Estados Unidos. A realidade é que a bateria de dados econômicos mostrou muito mais confusão do que um direcionamento claro, colocando as perspectivas de redução do aperto monetário e recuperação da economia das principais potências em xeque. De qualquer forma, o comportamento das carteiras sinaliza que os investidores institucionais parecem estar fortalecidos no jogo, podendo movimentar os preços da criptomoeda de referência novamente.

 

Que confiança, hein!?

Na última semana, o mercado seguiu digerindo as falas do presidente do Federal Reserve (FED), Jerome Powell, de que os Estados Unidos podem manter o avanço de juros no curto prazo. Entretanto, os investidores deram de ombros, com 93% apostando em uma pausa no aperto monetário na reunião deste mês. Esse volume, inclusive, praticamente ignora o avanço do Índice de Bens de Consumo (PCE), um dos indicadores favoritos do FED para medir a inflação, assim como a queda no Índice Gerente de Compras (PMI) Industrial, que acentuou sua retração.

 

Agosto Projeção Julho
      PCE 3,3% 3,3% 3,0%
      Núcleo PCE 4,2% 4,2% 4,1%
      PMI Industrial 47,9 47,0 49,0

 

 

 

Trabalho x Inflação

Outro ponto que o FED fica de olho para definir sua trajetória nos juros é no mercado de trabalho. Os dados da semana passada chamaram a atenção, pois a maioria dos indicadores de empregos dos Estados Unidos apontaram em queda, exceto o payroll – que mede o número total de empregados pagos no país, excluindo trabalhadores agrícolas, funcionários do governo, empregados de organizações sem fins lucrativos e trabalhadores domésticos. Assim, há dúvidas sobre, de fato, se o setor empregatício está ou não aquecido, aumentando as dúvidas em relação ao que os formuladores de política monetária poderão fazer na próxima reunião.

 

Agosto Projeção Julho
      Variação de Empregos Privados 177 mil 195 mil 371 mil
      Relatório JOLTs 8,8 milhões 9,4 milhões 9,1 milhões
      Payroll 187 mil 170 mil 157 mil
      Taxa de Desemprego 3,8% 3,5% 3,5%

 

Descendo incentivos

Após o alarde em cima dos fracos dados econômicos da China, a última semana serviu para reajustar as expectativas sobre a segunda maior economia do mundo. Não só os principais PMIs avançaram, como a revisão feita pela Caixin colocou o setor industrial em expansão novamente.

 

Agosto Projeção Julho
      PMI Industrial 49,7 49,4 49,3
      PMI Industrial Caixin 51,0 49,3 49,2
      PMI Não-manufatura 51,0 51,1 51,5
      PMI Composto 51,3 51,1

 

Apesar da melhora nos indicadores internos, o governo segue adicionando incentivos à economia. Recentemente, o país cortou as taxas de transações na bolsa para aquecer o mercado financeiro. Enquanto isso, cinco dos maiores bancos do país cortaram as taxas de juros dos depósitos em yuan, apoiados por iniciativas das autoridades chinesas.

 

Apatia geral

Na Zona do Euro, a situação é um pouco mais complexa. A bateria de dados da última semana colocou ainda mais pressão sobre a já fragilizada e inflacionada economia europeia.

 

Agosto Projeção Julho
      Confiança do Consumidor -16,0 -16,0 -15,1
      Confiança Serviços 3,9 4,2 5,4
      Confiança Industrial -10,3 -9,9 -9,3
      PMI Industrial 43,5 43,7 42,7

 

Os esforços dos formuladores de política monetária também não parecem estar surtindo o efeito esperado, com a inflação ao consumidor (CPI) praticamente estagnado, apesar da retração do núcleo do indicador. 

 

Agosto Projeção Julho
      CPI 5,3% 5,1% 5,3%
      Núcleo CPI 5,3% 5,3% 5,5%
      Taxa de Desemprego 6,4% 6,4% 6,4%

 

 

 

Caminho positivo

Pelo Brasil, as projeções otimistas para o final do ano podem sofrer uma ligeira pausa, com um recuo abaixo do esperado da inflação, mas em meio ao avanço do Produto Interno Bruto do segundo trimestre (Q2) e a retomada da Indústria em território de expansão.

 

Julho Projeção Junho
      PIB Q2 3,4% 2,7% 4,0%
      Inflação ao Produtor -0,82% -2,99% -2,72%
      PMI Industrial (ago) 50,1 47,2 47,8

 

Destaque também para a Câmara dos Deputados, que aprovou a desoneração da folha de pagamentos para 17 setores da economia até 2027. Já o mercado de trabalho apresenta equilíbrio, com leve retração do desemprego no país.

 

Agosto Projeção Julho
      Criação de Empregos 142 mil 140 mil 157 mil
      Taxa de Desemprego 7,9% 7,9% 8,0%

 

Respira fundo

Nesta semana, muitos dados econômicos importantes serão divulgados, podendo movimentar a maioria dos mercados de risco e, claro, o de criptomoedas. Na China, saem as revisões dos PMIs da Caixin, CPI, Exportações e Importações. Pela Zona do Euro, conheceremos os PMIs de Serviços e Composto, Vendas no Varejo, Variação de Empregos e PIB. Os Estados Unidos preparam os dados de Exportações, Importações e PMI de Serviços. No Brasil, teremos a Produção Industrial e PMIs Composto e de Serviços.

 

Novas quedas a caminho?

O Bitcoin fechou agosto com uma queda de 11,29%, sendo este o pior mês para o desempenho da criptomoeda este ano e marcando a segunda retração consecutiva. Ao longo da semana passada, a criptomoeda de referência até esboçou uma recuperação aos US$ 28 mil, mas a volatilidade reverteu, colocando o mercado em baixa novamente. O receio dos investidores, portanto, está de volta ao jogo, com parte dos analistas esperando novas quedas no curto prazo, ainda mais que setembro costuma ser um mês negativo para a moeda digital. Apenas em quatro, dos últimos 13 anos, que o BTC encerrou o período em alta.

 

Checagem da rede

Apesar da queda de preços, a blockchain do Bitcoin está mais saudável do que nunca. A taxa de hash atingiu 400 th/s pela primeira vez na história, mesmo considerando o aumento dos custos de eletricidade em todo o mundo. 

Especula-se que essa aceleração acompanhe um movimento de preparação pré-halving. Neste caso, os mineradores estariam aproveitando o momento para obter mais unidades da criptomoeda, antes que suas recompensas sejam reduzidas em meados do ano que vem. 

Em contrapartida, o provável reajuste da dificuldade de mineração nesta semana está sendo possivelmente antecipado pela queda de BTC em estoque por este grupo.

Já os HODLErs permanecem dominantes no mercado. Não só o número de Bitcoins está avançando nesse tipo de carteira, como 40,53% de todo a oferta disponível não se movimenta há mais de três anos.

 

 

 

De olho nos institucionais

Com a tentativa da BlackRock em aprovar um ETF de Bitcoin à vista, o apetite dos investidores institucionais parece que foi reacendido ou, pelo menos, está mais evidente ao mercado. 

As informações sugerem que aproximadamente 27,7 mil BTC foram transferidos de exchanges para carteiras de grande volume, indicando um possível interesse desse grupo de investidores. Só a Robinhood possui cerca de US$ 3 bilhões da criptomoeda armazenados em uma única carteira.

Esse acúmulo acompanha ainda uma série de decisões judiciais que estão aumentando as expectativas em relação a este setor. Uma delas deu vitória da GrayScale contra a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados (SEC), levando à revisão do pedido para alterar  fundo GBTC em um ETF de BTC spot. Ao mesmo tempo, a X – antigo Twitter – também recebeu o aval legal para operar pagamentos em criptomoedas e outros serviços relacionados, como exchanges e wallets digitais. 

Mesmo com esse otimismo, há ainda muitas incertezas pairando sobre os investimentos institucionais. Afinal, a SEC pode voltar a negar os pedidos, após suas revisões. Inclusive, os reguladores parecem estar esperando por algum sinal específico para atuar sobre esta situação, pois assim que perdeu o processo judicial contra a GrayScale, a instituição adiou a decisão sobre os ETFs da WisdomTree, Invesco e Valkyrie

 

Ainda dentro do suporte

Ao observar o gráfico semanal, o Bitcoin recuou rapidamente seu preço e foi buscar as mínimas da semana de 12 de junho. As bandas de Bollinger seguem sendo bons indicativos de preços, com a mediana servindo de resistência para a última tentativa de avanço. Já as extremidades abandonam a configuram mais paralela e começam a migrar para uma tendência de baixa.

 

Fonte: TradingView, em 04/09/2023, às 8h30min.

 

A linha azul, entretanto, em US$ 24,3 mil, marca a última barreira forte de preços, que manteve o BTC em alta no início do ano. Desta forma, mesmo que a correção pressione ainda mais o ativo, este nível pode servir de trampolim para os preços e uma consequente reversão de tendência.

Nos indicadores subjacentes, o MACD segue com suas linhas cruzadas para baixo, apontando a força dos bears neste mercado. Já o Índice de Força Relativa (RSI) vai para os 44 pontos, indicando o mercado mais vendido no momento.

 

 

 

Conclusão

A queda de preços do Bitcoin é, sim, um momento de ligar ainda mais o sinal de alerta  para não se assustar com novos recuos. É nítido que a economia global capenga, e as divergências entre fato e comportamento devem manter os mercados cada vez mais voláteis e incertos.

Mesmo assim, os fundamentos das criptomoedas apontam para um cenário possivelmente otimista. Afinal, a pressão que a SEC está sofrendo com os pedidos de ETF de BTC à vista e as constantes perdas judiciais – vide Ripple Labs e GrayScale –, podem fazer com que o órgão regulador perca a queda de braço e abra espaço para um desenvolvimento mais facilitado ao desenvolvimento deste mercado.

Se preparando pra festa

Se preparando pra festa

Bem-vindos à mais uma edição do “O HODLER”, a melhor newsletter do mercado crypto brasileiro.

Para começar o dia bem, deixa eu perguntar uma coisa? Você está pronto para ganhar dinheiro no mercado crypto?

Porque chegou um dos momentos mais aguardados do nosso mercado, a Altcoin Season ou também conhecida como, Alt Season. 

Calma, que ela ainda não chegou, nem muito menos está perto, mas para você surfar a próxima Alt Season, você e eu precisamos nos preparar – e é isso que vamos fazer hoje!

É aqui que começamos a plantar para colher 10x, 20x, 50x em um determinado projeto.

Então, sem perder tempo, vamos começar e, no final desse report, vamos fazer um grande experimento para o próximo ciclo.

 

🤔 O que é uma Alt Season?

Alt Season é a festa das altcoins! É quando essas moedas – que não são Bitcoin – começam a valorizar muito, enquanto o BTC fica mais tranquilo ou até perde valor. 

É como se fosse o carnaval das criptomoedas, em que as altcoins são as estrelas do desfile e deixam o mundo eufórico. 

Geralmente, durante esses períodos, muitas altcoins valorizam absurdamente – algumas até mais de 1.000%. É um período de colocar uma boa grana no bolso, mas também tem muito risco, já que o que sobe rápido pode cair rápido também.

A Alt Season é um momento ímpar de especulação, mas para aproveitar a festa você precisa se adiantar ao mercado, comprar o ingresso e saber a hora de sair dessa especulação.

💡 Como identificamos uma Alt Season?

Estamos longe de uma Alt Season e isso é muito positivo, mas precisamos aprender a ler as informações corretas para surfar o momento certo.

Nesse momento você precisa olhar duas coisas básicas: a dominância do bitcoin, e o Alt Season Index.

O termo “dominância do Bitcoin” refere-se à porcentagem do mercado total de criptomoedas que é representada pelo Bitcoin. Em outras palavras, é uma métrica que mostra o peso relativo do Bitcoin em relação a todos os outros tokens combinados.

O gráfico abaixo mostra como a dominância do bitcoin está se comportando desde 2015.

 

 

Quando a dominância do Bitcoin está alta, significa que a criptomoeda está desempenhando um papel de liderança no mercado. Investidores e traders podem estar vendo o Bitcoin como um ativo mais seguro ou mais confiável em comparação com outras criptomoedas.

Uma dominância mais baixa indica que outras criptomoedas, ou altcoins, estão ganhando terreno. Pode ser um sinal de que o mercado está se diversificando e que outras moedas estão ganhando relevância.

De maneira prática, o mercado vê dinheiro entrando no Bitcoin e em algum momento indo para as altcoins rapidamente.

Já a Alt Season Index, é uma ferramenta que busca quantificar e indicar se o mercado de criptomoedas está em uma “Alt Season” ou em uma “Bitcoin Season” – Você pode encontrar ele aqui: Altseason Index.

A metodologia do Altseason Index compara o desempenho das 50 principais altcoins (todas as criptomoedas que não são Bitcoin) com o desempenho do próprio BTC ao longo de um período específico, como 90 dias, mensal e anual.

Eu sempre gosto de olhar grandes ciclos, então vamos usar o anual para analisar e entender melhor.

 

 

O índice é calculado com base em uma escala que vai de 0 a 100:

  • 0 a 25: Indica que estamos em uma “Bitcoin Season”. Isso aponta que o Bitcoin está superando significativamente a maioria das altcoins em termos de desempenho de preço.
  • 25 a 75: É uma zona intermediária, onde não há uma clara dominância do Bitcoin ou das altcoins.
  • 75 a 100: Indica que estamos em uma “Alt Season”. Isso significa que a maioria das altcoins está superando o Bitcoin em termos de desempenho de preço.

Vamos facilitar e deixar prático o entendimento: precisamos aproveitar quando ele está entre 0 a 25 e vender quando ele estiver acima de 75. Não precisamos acertar topos e fundos, só precisamos acompanhar o fluxo de dinheiro.

💡 O momento é agora

De acordo com esses dados, o melhor momento para olhar as altcoins e bons projetos é agora.

Em 2020, fiz exatamente essa estratégia utilizando essas duas métricas cruciais – e mais algumas, mas essas duas já demonstraram muita coisa. Montei uma carteira com altcoins que acreditei terem um potencial significativo. E não foi uma jornada solitária – compartilhei cada passo, cada decisão e cada resultado no meu Instagram, permitindo que todos acompanhassem em tempo real.

O resultado? Quem esteve comigo e seguiu as movimentações viu movimentos incríveis. Foi um período de aprendizado, de altos e baixos, mas, acima de tudo, de validação de uma estratégia que se mostrou eficaz.

Agora, à medida que avançamos, sinto que é hora de repetir a receita. O mercado de criptomoedas está em constante evolução, e as oportunidades nunca cessam. Com a experiência adquirida e o histórico de sucesso, estou pronto para mais uma vez mergulhar nas análises, selecionar as altcoins promissoras e compartilhar essa jornada com todos vocês.

Para os que estiveram comigo em 2020 e 2021, sabem do que somos capazes juntos. Para os novos, convido-os a se juntarem a nós nesta emocionante aventura. Vamos aprender, crescer e, esperançosamente, prosperar juntos.

⚠️ Experimento no Foxbit PRO

Vou montar minha carteira e compartilhar no Instagram, mas também quero fazer um novo tipo de experimento, daqueles bem malucos.

Já que sabemos de tudo isso, vamos ficar um pouco mais skin the game. Vamos avaliar a precisão do uso dessas duas métricas na prática.

Metodologia:

  • Seleção de Moedas: Baseado no ranking atual de criptomoedas por capitalização de mercado, selecionaremos as 50 principais altcoins.
  • Investimento Inicial: Investiremos $10 em cada uma dessas 50 altcoins, totalizando um investimento inicial de $500.
  • Acompanhamento do Alt Season Index: Durante o próximo ciclo, monitoraremos regularmente o Alt Season Index e a dominância do Bitcoin para observar se estamos em uma “Alt Season” ou “Bitcoin Season”.
  • Registro de Desempenho: Uma vez por mês, registraremos o valor total do nosso portfólio, observando quais altcoins tiveram o melhor e o pior desempenho.
  • Comparação com Bitcoin: Paralelamente, investiremos $500 no Bitcoin para servir como um ponto de comparação. Isso nos permitirá avaliar se nosso portfólio de altcoins superou ou não o desempenho do Bitcoin durante o mesmo período.
  • Conclusão: Ao final do ciclo, analisaremos o retorno total do nosso investimento em altcoins em comparação com o investimento no Bitcoin. Isso nos dará uma ideia clara da eficácia do Alt Season Index como indicador de desempenho.

👀 Oportunidade ou risco? 

Se isso é uma oportunidade ou um grande risco eu não sei, mas fiz no último ciclo e quero repetir novamente.

Entretanto, escolher altcoins para investir requer uma análise cuidadosa e criteriosa. Aqui estão algumas dicas essenciais para quem está considerando investir em alguns projetos e aproveitar o momento.

  • Pesquisa Fundamentalista: Antes de tudo, entenda o projeto por trás da altcoin. Qual é o problema que ele busca resolver? Há um mercado real para essa solução? A equipe por trás do projeto é experiente e confiável?
  • Tecnologia e Whitepaper: Analise o whitepaper do projeto. Ele deve ser claro, detalhado e tecnicamente sólido. A tecnologia por trás da moeda é inovadora e viável?
  • Histórico de Preços e Volume: Embora o desempenho passado não garanta resultados futuros, analisar o histórico de preços e volumes de negociação pode oferecer insights sobre a estabilidade e interesse na altcoin.
  • Narrativa: É isso que o mercado está falando nesse momento? Eu daria uma bela olhada em L2 (layer-2), DeFi (finanças descentralizadas) e AI (inteligência artificial);.
  • Competição: Analise o mercado e veja quem são os concorrentes diretos da altcoin. Como ela se compara em termos de tecnologia, uso e adoção?

⚠️ Gostou?

Espero que tenham gostado de mais uma news. 

Fique atento às próximas edições de “O HODLER” para acompanhar as novidades do mercado e se manter informado sobre as tendências e oportunidades no mundo das criptomoedas.

Se quiser me acompanhar, estou no Twitter e Instagram sempre analisando mercado e tendo alguns insights.

Até a próxima edição!

Bitcoin em mãos de diamante?

Bitcoin em mãos de diamante?

Satoshi Call 

A última semana foi bastante quente para o Bitcoin (BTC), que viu seu preço quase beliscar as mínimas de junho. Com 90% das carteiras de curto prazo no prejuízo atualmente, a ação para baixo pode ser mantida a partir de um pânico gerado entre os investidores diante das perdas ou pela má digestão causada pelas falas do presidente do Federal Reserve sobre a manutenção do aperto monetário nos Estados Unidos. Em contrapartida, a análise técnica pode oferecer ainda um respiro aos bulls, caso uma região específica de preços seja sustentada, enquanto o fluxo de moedas para as exchanges cai. Fato é que a economia global segue uma verdadeira incógnita, com o mercado atento para qualquer indício de aumento de volatilidade. Por isso, atenção à repercussão do que rolou e vai rolar nesta semana para você preparar suas operações com a maior assertividade possível.

 

Toda a atenção para ele

O tão aguardado 46º simpósio anual de Jackson Hole não trouxe muitas novidades para a política monetária norte-americana, mas serviu para manter o mercado alerta para a continuidade de ações restritivas. Em participação no evento, o presidente do Federal Reserve (FED), Jerome Powell, destacou a necessidade de mais progresso no controle da inflação, que ainda segue muito elevada, apesar do arrefecimento de seu pico.

A autoridade explicou que o aumento da taxa de juros, que começou em março de 2022, precisava – e ainda exige – uma “mãozinha” a partir da estabilização das “distorções sem precedentes” da oferta e demanda relacionadas à pandemia. Com isso, a proposta era de estreitar os pedidos para que a oferta conseguisse alcançar o atraso do período – algo que ainda segue em fluxo.

 

 

Papéis em alta

Os rendimentos dos títulos do tesouro norte-americano de 10 anos aumentaram consideravelmente na última semana, mostrando que o mercado está mais “otimista” em relação ao futuro da economia local – ou mais especulativo com a possibilidade de novos aumentos de juros à frente.

Em relação ao ambiente corporativo, a fabricante de chips Nvidia se destacou, apontando um resultado trimestral acima do esperado, enquanto Ubisoft, deve receber os direitos de vários jogos da Microsoft, como parte do acordo para aquisição da Activision. Com isso, cerca de 95% do S&P 500 já divulgaram seus dados, com 4/5 superando as expectativas dos analistas

 

Prevendo retração

No lado econômico, as prévias dos Índices Gerentes de Compras (PMI) dos Estados Unidos vieram abaixo das expectativas, indicando desafios para o crescimento local, mas sendo potencialmente benéfico para o controle da inflação.

 

Agosto Projeção Julho
      PMI Industrial 47,0 49,3 49,0
      PMI Serviços 51,0 52,3 52,3
      PMI Composto 50,4 52,0 52,0

Já os pedidos de seguro-desemprego caíram para 230 mil, mostrando uma certa melhora no mercado de trabalho, que registrou 240 mil solicitações na semana anterior, mesmo volume esperado pelo mercado.

 

Equilibrando as contas

A China fez um corte inesperado em sua taxa básica de empréstimo de um ano, o que não animou muito os investidores por lá. Mesmo assim, o minério de ferro experimentou um aumento, refletindo esses e outros estímulos monetários do governo, em meio a uma demanda resiliente.

 

Agosto Projeção Julho
      Taxa de Empréstimo 3,45% 3,40% 3,55%

 

Não é hoje que vai decolar

Enquanto China e Estados Unidos tentam como podem buscar o caminho da recuperação econômica, as prévias dos Índices Gerente de Compras da Zona do Euro mostram que a pavimentação ainda está em andamento no bloco.

 

Agosto Projeção Julho
      PMI Industrial 43,7 42,6 42,7
      PMI Serviços 48,3 50,5 50,9
      PMI Composto 47,0 48,5 48,6

A baixa confiança do consumidor (prévia) na região também afeta o desenvolvimento econômico. Entretanto, se há alguma luz no fim do túnel sobre isto tudo, é que o possível consumo reduzido pode ser um catalisador para que a inflação do bloco siga desacelerando.

 

Agosto Projeção Julho
      Confiança do Consumidor -16,0 -14,3 -15,1

 

Ficou mais caro

Após meses de espera, enfim, a Câmara dos Deputados aprovou o novo arcabouço fiscal, que vai substituir o antigo teto de gastos. A nova lei permite maior flexibilidade ao governo em situações específicas da economia para remanejar recursos, quando necessário.

A semana também contou com uma série de reuniões do BRICS, bloco de países em que o Brasil é membro. Autoridades pediram a expansão do grupo, sugerindo a participação de novos integrantes, como Argentina, Egito, Etiópia, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Diretamente sobre a economia brasileira, o IPCA-15, que mede a inflação ao consumidor, acelerou em agosto, acima do esperado pelos analistas.

 

Agosto Projeção Julho
      IPCA-15 4,24% 4,13% 3,19%

 

 

Volatilidade no radar

Esta semana trará uma série de dados econômicos importantes que podem influenciar a volatilidade do mercado em várias regiões. Nos Estados Unidos, serão divulgados a Confiança do Consumidor, Relatórios de Empregos e o núcleo de preços PCE, indicador favorito do FED para medir a inflação. Já na Zona do Euro, saem a Inflação ao Consumidor (CPI) e o sentimento dos principais setores econômicos. Na China, destaque para os PMIs Composto, Industrial e de Não-manufatura, enquanto o Brasil apresenta seus dados do mercado de trabalho.

 

Tensão no ar

O Bitcoin passou por uma semana ligeiramente mais volátil, após perder seu importante suporte de US$ 29 mil. A pressão de venda foi alta o suficiente para que a criptomoeda de referência atingisse os US$ 25,3 mil – nível muito próximo das mínimas de junho. Em contrapartida, houve força para um resgate aos US$ 26,8 mil, que durou pouco tempo. Assim, o mercado espera que o estreitamento de curto prazo quebra para um dos lados.

 

Os dados vão dizer

Com a recente queda de preços, os dados on-chain mostram que 90% das carteiras de curto prazo de Bitcoin voltaram a apresentar prejuízo. O volume de posições abertas nas bolsas de derivativos também virou para uma intensa baixa, em um movimento visto apenas 11 vezes em toda a história da criptomoeda.

Entretanto, o número de BTCs que não se movimentaram nos últimos três a seis meses segue aumentando, apontando para uma baixa intenção de venda, pelo menos no curto prazo. Acompanha esta perspectiva a queda expressiva da oferta do ativo nas exchanges. Atualmente, apenas 5,8% do total de Bitcoin em circulação estão em corretoras. Enquanto isso, as baleias continuam agitadas, com transações superiores a US$ 100 mil.

 

De olho no halving?

Ainda olhando para os dados on-chain, o volume de BTCs armazenados nas carteiras dos mineradores permanece crescendo, assim como o staking de Ethereum também aponta em alta, mesmo com o mercado baixista. Apesar da recente queda de preços, este grupo segue com suas máquinas funcionando a todo vapor, reajustando a dificuldade e taxa de hash para uma nova máxima histórica.

O movimento de venda mais contido por parte dos mineradores parece acompanhar um sentimento otimista de acumulação, como uma espécie de preparação para o halving do Bitcoin, estimado para acontecer em meados do ano que vem.

 

 

Medo prevalece

A queda de preços recente colocou o índice Fear and Greed de volta ao ponto de medo, marcando os 39 pontos. O nível é o mesmo de março deste ano, quando ocorreu a quebra dos bancos norte-americanos.

Dentro do balanço fundamental

Além dos rendimentos dos títulos do tesouro norte-americano, pressionaram o mercado de risco e o Bitcoin, o aumento do índice dólar (DXY). A tendência de alta recente zerou as perdas registradas em julho pela moeda. Enquanto isso, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) continua trazendo mais incertezas ao setor de criptomoedas no país, com novas acusações contra as principais exchanges.

 

Vamos aos gráficos

Na análise técnica do gráfico semanal, o Bitcoin ainda mantém a possibilidade de novas correções a partir da consolidação do topo duplo – marcado pelos dois círculos brancos na imagem abaixo. Por enquanto, a linha inferior da banda de Bollinger vai se comportando como um suporte, mas indica um movimento rumo à linha azul, em US$ 24,3 mil. O nível é importante, pois marca a última resistência enfrentada pelo mercado. Caso os compradores consigam resistir, este ponto pode ser o gatilho para uma retomada da alta. Senão, a descida deve ser ainda mais agressiva, com possíveis testes dos fundos locais.

 

Fonte: TradingView, em 28/08/2023, às 8h56min.

 

Nos indicadores subjacentes, o MACD permanece com suas médias cruzadas para baixo, apontando a força dos bears neste momento de mercado. Ao mesmo tempo, o Índice de Força Relativa (RSI), mira os 45 pontos, com compradores e vendedores muito próximo de um equilíbrio.

 

 

Conclusão

Apesar da queda de preços e a quebra da lateralização, o Bitcoin segue operando em um nível bastante crucial para determinar o futuro da sua tendência de preços. O mercado parece, novamente, estar reagindo mais emocionalmente aos eventos macroeconômicos, o que antes andava mais restrito.

A aproximação do halving, entretanto, costuma ser um momento conturbado para a criptomoeda historicamente e entender esses comportamentos pode ajudar a segurar o pânico de venda ou até mesmo encontrar as melhores posições para lucrar com o ativo. De certo mesmo é que os dados on-chain apontam para uma fase de acumulação interessante, com os investidores em busca de maior domínio sobre suas moedas. Esse movimento também é típico de períodos pré-halving.

O que há de bom na queda do Bitcoin?

O que há de bom na queda do Bitcoin?

Satoshi Call

Em meio ao insistente turbulento cenário macroeconômico, o Bitcoin (BTC), enfim, quebrou seu estreito canal de negociação e apontou para uma uma correção considerável na última semana. Não só a perspectiva da sequência do aperto monetário nos Estados Unidos permanece, como também a economia chinesa continua mostrando fragilidades em sua recuperação econômica, pressionando todos os mercados. Ao mesmo tempo, a moeda digital ainda precisou lidar com seus próprios fundamentos e encontrou, na especulação envolvendo Elon Musk, a provável faísca que faltava para reavivar sua volatilidade. Com todo esse caos em torno do BTC, nem tudo parece ser negativo. Por isso, é hora de aprofundar cada um desses elementos para que a estratégia de operações seja a mais assertiva nos próximos dias.

 

Será que aperta mais?

O mercado aguardou ansiosamente pela ata da última reunião do Federal Reserve, que terminou com o aumento de 0,25% nos juros, após uma pausa do aperto monetário no encontro anterior. Segundo o documento, os formuladores de política monetária sugeriram potenciais taxas de juros mais altas para conter a inflação de longo prazo.

A perspectiva, entretanto, mostrou sinais muito conflitantes dentro do mercado. Se por um lado as ações perderam tração na semana passada, pelo outro 90% dos investidores continuam apostando em uma nova paralisação do aumento de juros em 20 de setembro. Ou seja, ninguém sabe muito bem o que quer muito por aqui – talvez nem o que esperar!

Possíveis pistas, porém, podem ser vistas nos dados de pedidos de seguro-desemprego, que apontaram um leve recuo, enquanto as Vendas no Varejo vieram acima do esperado. Este último, inclusive, pode ser um catalisador interessante para incentivar o Federal Reserve a seguir com seu aperto monetário, já que o consumo é um potencial estímulo à inflação.

 

Julho Projeção Junho
      Vendas no Varejo 3,17% 1,50% 1,59%
      Produção Industrial -0,23% -0,10% -0,78%
      Seguro-desemprego 239 mil 240 mil 250 mil

 

Nesse meio do caminho, chamou a atenção os títulos do tesouro norte-americano de 10 anos. Desde a ata citada anteriormente, os rendimentos dos papéis do governo subiram para seu nível mais alto desde outubro de 2022, trilhando a possibilidade de novos aumentos de juros no país e levando o investidor a buscar ativos de menor risco.

 

 

É um enrosco só

A China seguiu com seus balanços na última semana e, mais uma vez, mostrou que sua economia está em expansão… Mas daquele jeito: frustrando a expectativa dos analistas. Os dados de Produção Industrial e Vendas no Varejo, por exemplo, vieram abaixo do esperado, mantendo a perspectiva de que o país ainda não encontrou o caminho para uma plena recuperação econômica. A pressão permanece com a taxa de desemprego que, embora em linha com as estimativas, ainda é considerada alta para o país.

 

Julho Projeção Junho
      Vendas no Varejo 2,5% 4,5% 3,1%
      Produção Industrial 3,7% 4,4% 4,4%
      Taxa de Desemprego 5,3% 5,3% 5,2%

 

O primeiro-ministro, Li Qiang, chegou a mencionar que o governo trabalhará para atingir os objetivos de crescimento do ano, logo após os dados “decepcionantes”. Para isso, as autoridades anunciaram o corte da taxa de empréstimos de um ano, em uma tentativa de fortalecer a economia. 

 

Olha quem voltou!

A gigante do setor imobiliário chinês, Evergrande, voltou às capas do noticiário e, novamente, de forma pouco positiva. No passado, a empresa já havia indicado a possibilidade de um default – calote de sua dívida – que atingiria diversos setores da economia local. Desta vez, a companhia entrou com um pedido de proteção contra falência nos Estados Unidos, com receios de que o baixo desempenho da empresa possa acarretar novos prejuízos aos credores.

 

Quem dera fosse por aqui

Apesar de ainda apontando uma expansão econômica, os dados chineses são vistos como decepcionantes. Porém, em comparação com a Zona do Euro, talvez o país asiático não esteja assim tão mal. Na última semana, o bloco divulgou um pequeno crescimento do Produto Interno Bruto do segundo trimestre (PIB Q2), mas ainda um recuo em relação ao período anterior. Já a Produção Industrial melhorou na comparação com maio e veio bem acima das projeções, mas segue mirando em território negativo.

 

Junho Projeção Maio
      Produção Industrial -1,2% -4,2% -2,5%
      PIB (Q2) 0,6% 0,6% 1,1%

 

A Inflação ao Consumidor (CPI) da Zona do Euro pouco se movimentou também. A estabilidade foi o mote deste mês, apesar de uma pequena retração no índice geral.

 

Julho Projeção Junho
      CPI 5,3% 5,3% 5,5%
      Núcleo CPI 5,5% 5,5% 5,5%

 

De grão em grão

Na última semana, o Brasil divulgou, com atraso, seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) – considerado uma prévia do PIB. O indicador seguiu com seu avanço, vindo, inclusive, acima do esperado pelos analistas. Com isso, as projeções positivas para a economia brasileira até o final do ano permanecem no radar.

 

Junho Projeção Maio
      IBC-Br 0,63% 0,60% -2,05%

 

O que vem por aí?

Após o agito, a agenda econômica desta semana está bem amena. No Brasil, será divulgado o IPCA-15, considerado uma prévia da inflação nacional. Nos Estados Unidos, membros do comitê votante de política monetária do Federal Reserve discursam. Ao mesmo tempo, ocorre o simpósio de Jackson Hole, que reúne economistas, políticos e empresários para discutir juros, inflação e tendência de crescimento ou retração do país. Saem essa semana também as prévias dos Índices Gerentes de Compras (PMI) Industrial, de Serviços e Composto da Zona do Euro e EUA.

 

 

Volatilidade “resolvida”

O Bitcoin parecia que iria, mais uma vez, manter seu estreito canal de negociação. Mesmo com pequenos recuos aos US$ 28 mil, a volatilidade histórica da criptomoeda de referência chegou a se aproximar de mínimos recordes. Na sexta-feira, porém, a quebra dessa morosidade – citada em Satoshi Calls anteriores – veio e para baixo.

Em poucas horas, na última quinta-feira, a moeda digital foi para os US$ 25,6 mil, buscando uma mínima de dois meses. Na abertura desta semana, o BTC parece estar resistindo ao momento de baixa, se apoiando nos níveis mais baixos dos US$ 26 mil.

 

A tal faísca que faltava

Determinar uma única causa para a queda de preços do Bitcoin seria bastante imprudente e impreciso. A realidade é que foi preciso uma conjuntura específica de fundamentos acontecendo quase que ao mesmo tempo para que, enfim, o mercado direcionasse uma tendência mais clara.

Desta forma, a possibilidade de aumento de juros nos Estados Unidos é, sim, um catalisador para a pressão ao mercado, embora não tenha sido capaz o suficiente para quebrar a lateralidade em semanas anteriores. Mas aí entram outros fatores que colaboraram para o estiramento da corda.

Como comentado em outros relatórios, o mercado asiático se apresentava como um importante acumulador de Bitcoin recentemente. Por isso, a notícia de que uma das maiores empresas da China, a Evergrande, estava entrando com pedido de proteção contra falência nos Estados Unidos aumentou o sentimento negativo do mercado para ações de risco, inclusive as criptomoedas.

Junto a isso, outros dois elementos especulativos foram os gatilhos finais para a queda de preços. O primeiro deles aponta para um confuso relatório da Tesla, em que não fica claro se a fabricante de automóveis elétricos se desfez de forma parcial ou total de seus BTCs. Apesar de não ser uma companhia específica do setor cripto, Elon Musk tem grande influência neste – e não é de hoje – e em outros mercados, colaborando sempre com uma pitada de volatilidade.

Por fim, a queda mais acentuada da criptomoeda também é intensificada pela liquidação expressiva de mais de US$ 1 bilhão em contratos futuros, em apenas 24 horas. Mais de 80% desse total correspondeu a contratos de compra (longs), contra menos de 20% para posições vendidas (shorts).

Se todos esses eventos juntos parecem ser um caos total, na verdade, podem indicar uma maturidade do Bitcoin. Ao contrário do que acontecia anos atrás, poucos fundamentos – fossem eles internos ou externos ao setor – já eram suficientes para levar a uma queda ou alta de preços da criptomoeda. 

Agora, foi preciso muito mais força e situações concomitantes para que o ativo sofresse algum impacto significativo. Desta forma, é possível que o BTC esteja em um momento mais consolidado, baseando seu desempenho em uma narrativa cada vez mais própria.

 

Vem para o gráfico

Na perspectiva técnica semanal, uma divergência entre o Índice de Força Relativa (RSI) – em tendência de baixa – e o movimento de preços –  tendência de alta – se consolidou com a queda de preços da última semana, como apontado pelas linhas amarelas no gráfico abaixo. Novos recuos ainda são possíveis, pois o movimento corretivo também pode ser uma repercussão do topo duplo marcado pelos dois círculos brancos.

 

Fonte: TradingView, em 21/08/2023, às 8h56min.

 

As Bandas de Bollinger, agora, apontam para uma ampliação de suas extremidades, com a parte inferior podendo servir de suporte para o preço, já que a mediana foi rompida rapidamente para baixo. Há uma linha mais abaixo ainda para suportar em US$ 24,3 mil, última grande zona de resistência do ativo. Caso o mercado segure o BTC acima deste nível, um rebote pra cima é bastante possível nos próximos dias. Senão, os US$ 22 mil e US$ 16 mil voltam ao radar dos investidores.

Nos indicadores subjacentes, o MACD cruzou para baixo suas médias, acompanhando o mercado mais pressionado pelos vendedores. Enquanto isso, o RSI desceu para 45 pontos, apontando para um mercado controlado pelos bears.

 

 

Conclusão

Apesar de uma queda ser considerada ruim para muitos investidores, a maneira como a quebra de volatilidade aconteceu sugere sinais de que o Bitcoin está ficando cada vez mais fortalecido contra “pequenos” e poucos fundamentos. Há uma possível maior estabilidade do ativo, que exige cenários muito mais bruscos do que antigamente para uma descida ou subida de preços.

A perspectiva técnica indica uma tendência de baixa muito mais clara, com quedas ainda mais intensas no curto prazo no radar. Entretanto, um importante nível de suporte pode ser o trampolim que alguns bulls gostariam de ver para o rompimento dos US$ 30 mil, considerando que o mercado segue acumulando a criptomoeda, de olho no halving do ano que vem.

Com isso, traders de curto prazo talvez precisem ficar atentos a estratégias que possam proteger suas posições, caso a descida de preços continue. Para os investidores de períodos maiores e HODLErs, a queda pode servir para acumular ainda mais a criptomoeda com um certo “desconto”.