2024 foi o ano em que o mercado de criptomoedas deixou definitivamente de ser um nicho experimental para se posicionar no centro das discussões econômicas globais. A aprovação dos ETFs de Bitcoin e Ethereum nos Estados Unidos, o halving da maior criptomoeda do mundo e a entrada de gigantes institucionais como BlackRock e Fidelity transformaram o cenário — e abriram caminho para um novo ciclo.
Mas se você achava que 2025 seria apenas uma continuação do hype, já deve ter percebido que o jogo mudou. O que observamos hoje é uma mudança de estrutura: os ativos digitais estão se consolidando como infraestrutura estratégica para empresas, governos e investidores institucionais.
De novos padrões regulatórios ao avanço de tecnologias como inteligência artificial e tokenização de ativos do mundo real, o ecossistema está prestes a atravessar uma nova fronteira — mais integrada, mais pragmática e ainda mais transformadora.
Este artigo reúne as cinco tendências do mercado cripto para 2025, com base em análises de mercado, relatórios de research e movimentos reais de grandes players. Se sua empresa, seu fundo ou sua estratégia de diversificação passam pelos ativos digitais, entender essas direções é mais do que útil — é essencial.
Panorama atual: onde estamos?
Para entender para onde o mercado de criptoativos está indo, é preciso olhar com atenção para onde já chegamos.
O Bitcoin encerrou 2024 acima da marca simbólica de US$ 100 mil, impulsionado por três pilares:
- Halving de abril
- Forte entrada de capital institucional via ETFs à vista — como o iShares Bitcoin Trust, da BlackRock
- Escalada da narrativa do BTC como reserva estratégica de valor.
Só no primeiro semestre de 2025, empresas listadas em bolsa injetaram mais de US$ 11,4 bilhões nos fundos regulados, superando o volume total minerado no período.

Fonte: SoSoValue
O Ethereum, por sua vez, avançou em atualizações importantes que fortaleceram sua escalabilidade e abriram espaço para um novo ciclo de crescimento.
As soluções de segunda camada (Layer 2), como Arbitrum e Optimism, ganharam tração real, enquanto a adoção institucional cresceu com o lançamento de ETFs e o uso da rede para a tokenização de ativos reais, como fundos da BlackRock e títulos públicos tokenizados.
Solana também emergiu como uma força relevante. A promessa do Firedancer — software alternativo capaz de processar até 1 milhão de transações por segundo — colocou a rede no radar de desenvolvedores, usuários e investidores, especialmente em aplicações ligadas a jogos, stablecoins e dispositivos mobile, como o Solana Saga.
No campo da regulação, os EUA deram os primeiros sinais de avanço com o GENIUS Act, que propõe regras para emissão e custódia de stablecoins, enquanto no Brasil a discussão sobre a regulamentação das exchanges estrangeiras, a supervisão do Banco Central e o uso do Drex como infraestrutura tokenizada avançou no Congresso Nacional.
Ao mesmo tempo, o volume de investimento global em startups de ativos digitais atingiu seu maior patamar desde 2021, com destaque para iniciativas ligadas a tokenização de ativos reais, infraestrutura de IA descentralizada e projetos de finanças regenerativas (ReFi).
Ou seja: o mercado de criptoativos em 2025 não parte do zero — ele parte de uma base concreta de avanços regulatórios, tecnológicos e institucionais. E é exatamente sobre essa base que as próximas grandes tendências vão se construir.
Tendência #1 — Bitcoin como ativo estratégico de tesouraria
A narrativa do Bitcoin como reserva de valor não é nova. Mas em 2025, ela começa a se transformar em uma prática corporativa concreta — e com escala.Empresas listadas em bolsas dos Estados Unidos, Japão e América Latina estão acelerando a incorporação do BTC aos seus balanços patrimoniais. Dados recentes mostram que, apenas no primeiro trimestre de 2025, companhias públicas compraram mais de 95 mil BTCs, enquanto a emissão no mesmo período foi de cerca de 40 mil moedas.

Fonte: River
A consequência? Uma pressão estrutural sobre a oferta — algo inédito em ciclos anteriores.
Casos emblemáticos mostram que essa movimentação não é pontual:
- A Metaplanet, no Japão, já acumula quase 9 mil bitcoins e declarou publicamente sua intenção de se tornar uma “MicroStrategy asiática”.
- A própria Trump Media Group captou bilhões de dólares para adquirir BTC como parte da estratégia de reservas.
- No Brasil, empresas como o Mercado Livre e a Méliuz também anunciaram planos de ampliar sua exposição direta ao ativo.
Essa tendência é impulsionada por fatores diversos:
- Escassez programada: com o halving de 2024, o Bitcoin tornou-se ainda mais escasso, reforçando seu papel como “ouro digital”.
- Política monetária: previsibilidade de emissão é diferencial que o torna atraente em contextos geopolíticos voláteis como o atual.
- Valorização institucional: com ETFs aprovados, o BTC deixou de ser um ativo alternativo e passou a integrar carteiras com governança robusta.
Do ponto de vista estratégico, o Bitcoin está deixando de ser apenas uma aposta em valorização para se tornar uma ferramenta de proteção de caixa e de diferenciação de marca para empresas inovadoras. E isso tende a se intensificar conforme a adoção aumenta e a liquidez institucional se aprofunda.
Tendência #2 — A profissionalização do DeFi e dos RWA
As finanças descentralizadas (DeFi) amadureceram. O setor que já foi sinônimo de experimentação e volatilidade agora caminha para uma fase de institucionalização — e ganha um novo aliado: os ativos do mundo real, ou Real World Assets (RWAs).
Em 2025, a principal tendência do universo DeFi não está apenas na criação de novas “yield farms” ou tokens especulativos. Agora, ela também atua diretamente na construção de uma ponte sólida entre a infraestrutura blockchain e o mercado financeiro tradicional — via tokenização de ativos que já conhecemos, como títulos públicos, crédito privado, fundos e recebíveis.
Essa convergência já está acontecendo:
- A Ondo Finance, um dos projetos mais comentados do setor, superou US$ 650 milhões em ativos tokenizados, com stablecoins lastreadas em títulos do Tesouro dos EUA.
- A BlackRock lançou um fundo tokenizado na rede Ethereum com quase meio bilhão de dólares em captação em apenas uma semana.
- Grandes instituições — inclusive no Brasil — começam a testar o uso da tokenização para modernizar processos de custódia, liquidação e distribuição.
Do lado do DeFi, o setor também vem se sofisticando:
- O volume total bloqueado (TVL) voltou a crescer e superou os US$ 200 bilhões em 2024.
- Protocolos como Aave e Pendle estão reformulando sua governança e seus modelos de risco para atrair players institucionais.
- A transparência on-chain começa a ser vista como uma vantagem competitiva — e não mais como um risco.
O que muda, na prática?
A tendência é que o DeFi deixe de ser percebido como um “mercado paralelo” e passe a operar como infraestrutura financeira complementar — com regras, auditorias, modelos de compliance e integração com ativos do mundo real.
Em um cenário de juros em queda, busca por eficiência operacional e necessidade de inovação no mercado financeiro, esse novo DeFi — ancorado em RWAs — tem tudo para se consolidar como um mercado trilionário nos próximos anos.
Tendência #3 — A consolidação do Ethereum (apesar da concorrência)
Nenhuma blockchain foi tão desafiada nos últimos anos quanto o Ethereum. Com taxas historicamente altas, limitações de escalabilidade e concorrência crescente de redes como Solana, Avalanche e Sui, muitos analistas chegaram a questionar sua capacidade de manter a liderança no setor.
Mas este ano já mostra uma história diferente.
A rede criada por Vitalik Buterin está atravessando um ciclo de transformações estruturais — com impacto direto na experiência do usuário, na eficiência técnica e na adoção institucional.
O que já aconteceu:
- A transição para o modelo Proof of Stake (PoS), concluída com o The Merge, reduziu o consumo energético da rede em mais de 99% e abriu caminho para um Ethereum mais escalável.
- Em 2024, o upgrade Dencun (EIP-4844) introduziu o conceito de proto-danksharding, reduzindo drasticamente os custos de transação em soluções de segunda camada.
- Este ano, a atualização Pectra também promoveu um salto no nível de compatibilidade entre a rede principal e suas side-chains, assim como remodelou o tamanho do staking por carteira.
- O crescimento das Layer 2 (como Arbitrum, Optimism, Base e zkSync) posicionou o Ethereum como o núcleo de um ecossistema modular — e não mais como uma rede única e centralizada.
O que está por vir:
- O Ethereum continua sendo a principal plataforma usada para tokenização de ativos por grandes instituições, como BlackRock, Franklin Templeton e JPMorgan.
- Projetos de infraestrutura como EigenLayer e Chainlink CCIP estão ancorando suas soluções no Ethereum, reforçando sua centralidade como base da economia digital descentralizada.
- A agenda técnica prevê novas atualizações voltadas à eficiência, à interoperabilidade e à redução de latência nas transações.
Apesar do barulho em torno da escalabilidade de Solana ou da velocidade das novas blockchains modulares, o Ethereum permanece com maior TVL, base de desenvolvedores e adoção institucional real.
E isso importa: em um mercado que busca não só inovação, mas também confiabilidade, segurança e compatibilidade regulatória, o Ethereum está cada vez mais consolidado como a infraestrutura padrão do mercado financeiro digital — mesmo que a concorrência siga crescendo.
Tendência #4 — A explosão dos criptoativos ligados à IA
Poucos setores chamaram tanta atenção em 2024 quanto a inteligência artificial. Com o avanço de modelos generativos, adoção corporativa acelerada e promessas de ganhos exponenciais de produtividade, a IA se tornou o epicentro da inovação global.
Mesmo com metade de 2025 já concluída, esse movimento segue com força total dentro do universo cripto.
Estamos presenciando o surgimento de um novo segmento dentro do mercado de ativos digitais: os criptoativos de infraestrutura para IA descentralizada. Eles combinam o poder computacional distribuído do blockchain com algoritmos de aprendizado de máquina, criando redes que permitem treinar, monetizar e compartilhar modelos de forma colaborativa.
Entre os projetos em destaque, vale mencionar:
- Artificial Superintelligence Alliance (FET): FET é um consórcio composto por protocolos especializados em IA, como a Fetch.ai, SingularityNET e Ocean Protocol. A “aliança” oferece infraestrutura e pesquisas descentralizadas a ferramentas de alta tecnologia.
- Near Protocol (NEAR): A NEAR atua diretamente no desenvolvimento de agentes de IA com baixo custo e de forma descentralizada, com foco no uso dentro da Web 3.0.
- Numeraire (NMR): Já a NMR atua como um protocolo descentralizado de coleta e análise de dados. O objetivo é criar modelos de learning machine com alta confiabilidade aos usuários.
O crescimento desse nicho é sustentado por dois fatores:
- Demanda real por computação e modelos mais abertos — frente ao custo crescente e à centralização das soluções de IA.
- Narrativa convergente entre descentralização, privacidade e inteligência artificial — temas que mobilizam comunidades técnicas, desenvolvedores e reguladores.
Ainda que muitos projetos estejam em fase inicial e carreguem riscos elevados, o interesse institucional começa a se materializar. O próprio governo dos EUA, em sua nova política de IA, já sinalizou abertura para modelos colaborativos e menos concentrados.
Para o investidor estratégico, 2025 ainda pode ser o momento de observar com atenção esse segmento emergente, que combina duas das maiores forças transformadoras da década: IA e blockchain.
Tendência #5 — Identidade e pagamentos na era Web3
Enquanto os debates sobre regulação, compliance e privacidade digital ganham força, uma nova camada de inovação silenciosa está crescendo no ecossistema cripto: as soluções de identidade digital descentralizada (DID) e os pagamentos integrados em redes sociais e apps de mensageria.
Essa tendência atende a uma demanda cada vez mais urgente: como garantir transações seguras, privadas e interoperáveis em um mundo onde o digital se tornou a base de tudo — do acesso a serviços financeiros à participação em comunidades online.
Identidade Descentralizada (DID): empoderando o usuário
Os sistemas DID, como os desenvolvidos por Polygon ID, Worldcoin e Dock, permitem que usuários validem sua identidade com segurança sem depender de instituições centralizadas. Isso significa que você pode comprovar quem é — para acessar uma plataforma, assinar um contrato ou receber um benefício — sem entregar seus dados pessoais a terceiros.
Em 2025, espera-se:
- Avanço de regulamentações que exigem KYC e AML mais inteligentes e menos invasivos.
- Adoção de DID por empresas do setor financeiro, de saúde e educação para facilitar a integração de usuários em ambientes Web3.
- Integração nativa de carteiras digitais com credenciais de identidade — tornando o login via wallet algo tão comum quanto um e-mail.
Pagamentos cripto nativos: Telegram, TON e a reinvenção da transferência de valor
Outro movimento poderoso é a integração de pagamentos com cripto diretamente em apps de grande alcance, sem a necessidade de conhecimento técnico.
O caso mais emblemático é o da Toncoin (TON), a criptomoeda integrada ao Telegram. Em 2024, a plataforma ativou a função de envio e recebimento de cripto entre usuários, sem taxas e com UX nativa — tudo dentro do mensageiro. Isso abre espaço para:
- Pagamentos peer-to-peer globais, instantâneos e sem fricção.
- Microtransações para criadores de conteúdo, bots e grupos.
- Um novo modelo de economia social descentralizada.
Outras plataformas, como WeChat, X (ex-Twitter) e Signal, também demonstraram interesse em adotar ou experimentar integrações semelhantes, o que indica que o próximo ciclo de adoção em massa pode vir pelo canal dos pagamentos cotidianos — e não das corretoras tradicionais.
Identidade e pagamentos são os dois alicerces mais básicos da vida digital. Em 2025, o mercado cripto está pronto para oferecer soluções que tornam essas funções mais seguras, acessíveis e alinhadas com a lógica da Web3. E quem entender isso primeiro — como investidor ou como empresa — terá uma vantagem competitiva real.
Oportunidade no Brasil: o que pode ganhar tração por aqui?
Se globalmente 2025 está sendo marcado por profissionalização, convergência regulatória e integração entre cripto e o sistema financeiro tradicional, no Brasil esse movimento já está em plena aceleração, com algumas oportunidades se destacando.
Tokenização de títulos públicos e crédito privado
O Brasil já se consolidou como um dos mercados mais sofisticados em infraestrutura bancária e pagamentos digitais (vide Pix e Drex). Em 2025, a tokenização de ativos de renda fixa — como títulos do Tesouro, debêntures e CRIs — deve se tornar o próximo passo.
A expectativa é que soluções B2B voltadas a escritórios de investimento, securitizadoras e plataformas de distribuição digital comecem a utilizar blockchains públicas (como Ethereum ou Solana) para representar e negociar esses ativos, com custódia segregada e liquidação automatizada.
A Foxbit Business, por exemplo, conta com uma série de soluções corporativas, como recebimento com criptomoedas, conversões de Pix em cripto, tokenização de ativos e integração white label de exchange.
Uso de cripto como hedge contra real
A recente desvalorização da moeda local e o aumento da exposição de empresas brasileiras ao comércio exterior colocam o dólar no centro da gestão de caixa. A novidade? Cada vez mais empresas, fintechs e investidores buscam criptoativos como USDT, USDC ou stablecoins tokenizadas de títulos públicos e até mesmo ouro para proteger seu patrimônio.
Esse movimento deve ganhar força com a entrada de soluções reguladas e com parceiros locais — como bancos digitais, DTVMs e exchanges com presença no país.
Integração entre Pix, stablecoins e carteiras cripto
A combinação da infraestrutura do Pix com a liquidez de stablecoins pode gerar novas soluções para remessas, pagamentos corporativos e integração entre fintechs. Em 2025, é provável que vejamos:
- APIs que convertam Pix em stablecoin em tempo real (Foxbit Gateway)
- Tokenização de ativos do mundo real (Foxbit Tokens)
- E-commerce e plataformas de SaaS adotando cripto como alternativa de cobrança (Foxbit Pay)
Empresas que atuam no setor de turismo, exportação, finanças, educação internacional e serviços digitais devem ser as primeiras a se beneficiar dessa interoperabilidade.
O Brasil tem a combinação ideal para avançar com ativos digitais em 2025: infraestrutura moderna, população digitalizada e um mercado financeiro aberto à inovação. A questão não é mais “se”, mas “quem vai liderar esse movimento”.
O que fazer com essas tendências?
O mercado de criptoativos já não é mais um experimento. Em 2025, ele passou a ocupar um espaço estrutural nas decisões de tesouraria, nas estratégias de inovação tecnológica e na reconfiguração dos sistemas financeiros ao redor do mundo.
Seja com a entrada de empresas listadas comprando Bitcoin, com a institucionalização do DeFi e dos ativos do mundo real, com o avanço do Ethereum como infraestrutura crítica ou com o surgimento de novos setores como IA descentralizada e identidades digitais — tudo aponta para um mesmo destino: a consolidação dos ativos digitais como uma classe legítima, interoperável e estratégica.
Para investidores e empresas, isso representa uma bifurcação clara:
- Ignorar essas transformações e manter-se refém de estruturas financeiras do passado
- Ou entender o momento, antecipar movimentos e se posicionar com inteligência para capturar valor real nesse novo ciclo.
A boa notícia é que nunca foi tão possível acessar esse mercado com segurança, transparência e suporte regulado no Brasil. O caminho exige estudo, critérios e parceiros confiáveis — mas ele já está aberto.