Eficiência energética como tendência de mercado

set 20, 2022 | Outras categorias

Com a recente crise energética assolando a Europa e aumento geral dos preços de energia elétrica em quase todos os países do mundo, a discussão sobre eficiência energética vem se tornando cada vez mais comum nas rodas de amigos, empresas e também no universo cripto.

Nesta postagem em nosso blog, tentamos responder a desafiadora pergunta se as criptomoedas são prejudiciais ao meio ambiente. Trazendo diferentes pontos de vista e alguns dados relevantes sobre o consumo energético.

Por exemplo, na postagem descobrimos que (no momento de redação), a rede do Bitcoin (BTC) consome, aproximadamente 142,30 TWh de energia elétrica ao ano – correspondente ao consumo médio anual da Ucrânia.

Também descobrimos que o Ethereum (ETH), pré-merge, consumia cerca de 87,62 TWh ao ano, o equivalente ao consumo da Finlândia no mesmo período.

Apesar dos números chocantes, que ajudam a defender o argumento dos críticos das criptomoedas sobre o impacto ambiental que elas representam, pouco nos dizem sobre eficiência energética.

Calculando a eficiência energética das criptomoedas

A eficiência energética não pode ser medida apenas pelo consumo médio acumulado, mas precisamos entender que resultados esse consumo elevado consegue alcançar – já que eficiência é definida como “virtude ou característica de (alguém ou algo) ser competente, produtivo, de conseguir o melhor rendimento com o mínimo de erros e/ou dispêndios.”

No caso de eficiência energética, sua medição pode ser dada pela quantidade de energia (recursos) que precisam ser consumidos para alcançar um resultado desejado. Se uma rede de criptomoedas consegue alcançar um resultado semelhante ou maior com um menor consumo energético, é correto dizer que esta rede é mais eficiente.

Para isso, então, vamos olhar rapidamente para o consumo de energia elétrica por transação dos dois criptoativos líderes de mercado – lembrando que estamos considerando o Ethereum em Proof-of-Work (com mineração), antes da atualização The Merge que ocorreu dia 15 de setembro.

Este cálculo é realizado considerando o consumo médio anual (conforme apresentado no outro blog post), dividido pelo número de transações realizadas no mesmo período. Dá para perceber que ele varia bastante, pois depende muito do uso que está sendo dado para estas redes.

Se as pessoas usam mais a rede, fazendo mais transações, pelo mesmo número de mineradores e hashrate geradas, a rede acaba sendo mais eficiente, mas o inverso também é verdade. No caso das criptomoedas, eficiência energética e demanda andam lado a lado.

Eficiência Energética do Bitcoin

Ao observar, por exemplo, a eficiência energética do Bitcoin, vemos que cada transação de BTC feita na rede consome cerca de 1.393,42 kWh – equivalente ao consumo energético de ~47,76 dias em uma residência padrão nos EUA.

“Pegadas de uma única transação de Bitcoin” Fonte: Digiconomist

Uma das redes de dinheiro descentralizado com provavelmente a maior eficiência energética, por exemplo, é a rede da Nano (XNO), uma moeda de baixa capitalização de mercado, que consome cerca de 0,000112 kWh por transação – o que significa que os mesmos 1393,42 kWh necessários para realizar uma única transação de BTC, poderiam fazer mais de 12 milhões de transações de XNO.

Isso não significa que nano seja melhor que bitcoin – já que seria preciso analisar outras características da moeda e não estamos querendo comparar o que é melhor para ser utilizado como dinheiro descentralizado e seguro – apenas de que ela apresenta maior eficiência energética ao medir a capacidade de processamento de transações na rede versus seu consumo energético.

A posição de líder de mercado do Bitcoin diz muito sobre sua superioridade sobre os demais projetos de criptomoedas (dinheiro ponta-a-ponta) em diversos outros quesitos fundamentais importantes e de percepção de mercado.

Outras redes que também possuem menor capitalização de mercado e maior eficiência energética por transação que o Bitcoin são: Bitcoin Cash (BCH), Litecoin (LTC), XRP Network (XRP), Dash (DASH), Stellar (XLM), Dogecoin (DOGE), entre outras.

Consumo de energia do Ethereum e o The Merge

Analisando a eficiência energética do Ethereum pré-merge, enquanto ainda rodava como uma rede proof-of-work, seu consumo energético por transação é de 212,82 kWh. O mesmo de 7,19 dias na mesma casa média norte-americana, que comparamos com o Bitcoin.

“Pegadas de uma única transação de Ethereum” Fonte: Digiconomist

Especialistas esperam que o consumo energético por transação caia em cerca de 99,95%.

Só teremos a confirmação dias e talvez meses após a atualização da rede, mas é importante dizer que a fusão da rede para proof-of-stake com certeza aumentará muito a eficiência energética do ETH – mesmo não sendo capaz de dizer exatamente em quanto, no momento.

Até que isso ocorra, existem também outras blockchains de primeira camada, concorrentes do Ethereum, que vêm colocando a eficiência energética como prioridade em seu roadmap, atingindo baixíssimo consumo de energia com uma alta capacidade de processamento de transações e smart contracts.

Este é o caso, por exemplo, da Algorand (ALGO).

Alguns dados mostram que a Algorand é capaz de processar cerca de 2 milhões de transações na web3, para uma única transação do Ethereum Proof-of-Work, com o mesmo consumo energético.

Além da ALGO, redes como Solana (SOL), Avalanche (AVAX), Polygon (MATIC), Tezos (XTZ) e EOSio (EOS) também vêm competindo para conseguir alcançar a maior eficiência energética possível. Buscando atender a crescente demanda por redes mais eficientes, que já vem sendo observada no mercado e entre as grandes companhias globais.

Novamente, isso não significa que estas redes sejam superiores ao Ethereum, já que o rico ecossistema do ETH é um fator importante que garante seu valor, além de outras características.

Eficiência é tendência

A crescente demanda por eficiência energética fica evidente, por exemplo, quando projetos focados no meio ambiente, como a Ambify (ABFY), decidem rodar seu token em redes como a BNB Chain (BNB), já que elas oferecem uma experiência mais alinhada com a sustentabilidade ambiental e o baixo consumo de energia elétrica, além de menor emissão de CO2.

Outro projeto focado em sustentabilidade que também buscou alternativas mais eficientes é o Crédito de Carbono Moss (MCO2), rodando em Ethereum, mas também em contratos inteligentes na Polygon (MATIC) e CELO.

Cada vez mais notamos uma tendência no sentido de mais eficiência energética e isso não é nenhuma surpresa. O ser humano evoluiu e conquistou seu lugar no mundo principalmente por sempre buscar mais eficiência em suas atividades.

Foi a busca pela eficiência que possibilitou a criação de ferramentas e foram as ferramentas e o aumento da eficiência que aumentou nossa produção, com o menor consumo possível de recursos à nossa volta.

Devemos ver cada vez mais a eficiência ganhando os holofotes no mercado de criptomoedas, conforme a adoção aumenta.

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